Resultados
1583 resultados encontrados com uma busca vazia
- Lembranças Rio das Pedras: Eufrásia da Rocha Robadey
Imagem: Agência Lume. Conheça a história da mulher que ajudou a trazer ao mundo as primeiras crianças nascidas em Rio das Pedras. No final dos anos 1940, a região que viria a se tornar Rio das Pedras era um território de sítios, fazendas e poucas casas espalhadas entre plantações de cana, banana e batata-doce. A população local era composta por fazendeiros ricos e pessoas humildes que trabalhavam em suas terras. Foi nesse cenário rural, de escassez e solidariedade, que Dona Eufrásia da Rocha Robadey chegou, vinda de Cantagalo, no interior do Rio de Janeiro, trazendo consigo a família e o saber ancestral do parto. Eufrásia nasceu em 1900 e, segundo sua família, teria chegado à região de Rio das Pedras em 1945 para morar no sítio da família de um senhor chamado José Simão. A casa ficava localizada onde hoje se encontra a Escola Municipal Cláudio Besserman Vianna. “A minha mãe já fazia parto lá em Cantagalo, embora ela ainda fosse uma mulher nova, porque ela teve a minha irmã caçula, aos 47 anos. Então, ela deve ter vindo o quê? Com 45 [anos]. Era uma mulher nova ainda, né? Mas já era parteira. E aqui havia escassez de tudo.”, relembra Maria da Rocha Robadey, filha de Dona Eufrásia, hoje com 80 anos. Pouco tempo depois, a família de Dona Eufrásia se mudaria e começaria a trabalhar na fazenda do Dr. Alberto Monteiro da Silva, grande proprietário de terras que ficavam localizadas onde hoje conhecemos como a região do Pinheiro e do Floresta. O cotidiano era de trabalho duro, mas também de vizinhança próxima, onde cada chegada era motivo de acolhimento e partilha. “O intuito das pessoas humildes era de ajudar umas as outras. Não havia ganância”, conta Maria. Da esq. para dir. João Bento, Eufrásia e Maria Robadey. | Foto: Aquivo pessoal Maria Da Rocha Robadey. Encurtando distâncias em prol da vida Naquele tempo, os moradores da região tinham muita dificuldade para conseguir assistência à saúde. Os hospitais públicos disponíveis na cidade ficavam em bairros distantes de Jacarepaguá, como o Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea; o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes; e a Santa Casa de Misericórdia, no Centro. A distância entre os bairros se tornava ainda maior pela dificuldade de acessos e pela escassez de transporte. O Elevado do Joá, que liga a Barra a São Conrado, por exemplo, foi inaugurado em 1971. Até o ano de 1966, a principal forma de transporte para sair de Jacarepaguá e chegar à Zona Norte eram os bondes elétricos, que ligavam o bairro da Freguesia ao bairro de Cascadura. Era comum ver moradores de Rio das Pedras caminhando até a Praça Professora Camisão, na Freguesia, para embarcar nos bondes. “Não havia hospitais, não havia Lourenço Jorge, não havia Cardoso Fontes naquela época. Só tinha o Miguel Couto, que era muito longe, e o Carlos Chagas, que era mais longe ainda. Não havia posto de socorro nenhum”, recorda Maria. As poucas opções exigiam viagens longas e difíceis, muitas vezes impossíveis para mulheres em trabalho de parto. Por isso, o papel das parteiras era importantíssimo, para que as mulheres pudessem ter apoio durante um momento tão importante. Foi o que aconteceu com Eliza Antunes Caetano, atualmente com 78 anos. A aposentada lembra até hoje o dia em que seu segundo filho nasceu. O ano era 1967 e Dona Eliza entrou em trabalho de parto. A família tentou chamar um táxi, mas não deu tempo. A solução foi contar com o apoio de Dona Eufrásia. "O mais novo não deu tempo, chamou o táxi, chamou a assistência, quando chegou ele nasceu! Aí teve que chamar a Dona Eufrásia pra cortar o umbigo [...] O Rogério, pulou logo! Se eu tivesse na rua, eu acho que ele tinha nascido na rua.." - Relembra Da esq. para dir. Maria da Rocha Rodabadey e Eliza Antunes Caetano. | Foto: Douglas Teixeira / Agência Lume O historiador, professor e pesquisador do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Luiz Teixeira, explica que o parto hospitalar era uma realidade distante para a maioria. “A forma de nascer em hospitais e maternidades é muito nova ela vem mais principalmente do século XIX, mas só nas grandes cidades [...] Rio de Janeiro teve algumas maternidades célibes, como a Maternidade das Laranjeiras, Maternidade Escola, que existe até hoje, que foi uma das primeiras, fundada em 1904 e outras tantas posteriores, mas essas maternidades, elas atingiam um grupo pequeno de pessoas em relação ao acesso, principalmente pela distância, pelo número de leitos, pela possibilidade de ser atendida, essa maternidade era para poucos." - Explica. O saber das parteiras: cuidado além do nascimento Dona Eufrásia não apenas trazia crianças ao mundo. Seu trabalho era integral: envolvia o acompanhamento da gestante, avaliação dos riscos, o parto em si e o cuidado pós-parto. O ritual era completo; a parteira acompanhava a gestante, orientando sobre rotinas de alimentação e outros cuidados com a saúde. Após o parto, orientava a puérpera e a família sobre como cuidar do recém-nascido. Dona Eufrásia também preparava a alimentação da mãe, o banho do bebê, lavava as roupas da criança e chegava a limpar a casa nos primeiros sete dias após o parto. O ciclo se encerrava após a queda do umbigo; a partir daí, os cuidados eram deixados sob responsabilidade da mãe. "Muitas vezes eu fui com a minha mãe para lavar a roupinha da criança, para varrer a casa. Isso sem cobrar nada, absolutamente nada." - relembra Maria. O respeito e a admiração por Dona Eufrásia atravessaram gerações. Maria da Conceição Antunes, a Dona Quinha, era afilhada de Dona Eufrásia e relembra com carinho os momentos com a madrinha: "Era uma pessoa muito meiga, carinhosa, não tem o que falar mais, porque olha... eu fui privilegiada com isso. Eu estudava lá no Floresta, ela morava ali, toda vez que passava ela tava lá. Sempre aquela pessoa de dar aquele abraço, aquele carinho. A gente dava bênção, né, que naquela época a gente beijava a mão, passava pra lá, pra cá… ela vinha pra fazer os partos aqui por perto, aqui em cima, na família de um amigo nosso, eu que ia com ela." - conta. Da dir. para esq. Maria da Rocha Robadey e Maria da Conceição Antunes. | Foto: Douglas Teixeira / Agência Lume O renhecimento e respeito da comunidade Mesmo desempenhando um papel tão importante a favor da saúde da mulher, com o avanço da medicina, a prática das parteiras começou a ser estigmatizada. Luiz Teixeira explica que, com a construção de novas maternidades nos centros urbanos, o debate sobre qual seria a forma correta de nascer passou a se tornar mais frequente e, com isso, o papel das parteiras foi sendo colocado na clandestinidade. "Quando o parto hospitalar passa a ser cada vez mais frequente, passa a ser mais uma norma as mulheres terem suas crianças dentro das maternidades. Esse processo se conjuga com outro, que vem desde o início do século XX, dos médicos quererem tirar das parteiras essa possibilidade. Assim, cada vez mais as parteiras são identificadas pelos médicos e, consequentemente, pelos jornais, pela imprensa, como mulheres sem conhecimento, como mulheres que estão fazendo mal a outras mulheres e mesmo como mulheres que fazem aborto e coisas assim. Esse processo vai equiparar as parteiras ao que eles chamam de charlatões, pessoas que fazem a medicina, praticam a medicina sem o direito de praticá-la." – explica o pesquisador. Apesar do debate na sociedade, a dedicação de Dona Eufrásia foi muito valorizada em Rio das Pedras, até porque estima-se que sua atuação mais intensa tenha ocorrido entre o fim das décadas de 1940 e 1960, período em que a disponibilidade de serviços públicos não atendia às demandas das mulheres humildes da região. “A minha mãe fez mais de 1.000 partos, não cobrava nada a ninguém, ela nunca cobrou nada. Era chamada a qualquer hora, por qualquer pessoa, e não recusava ajuda, mesmo quando a sua saúde já estava debilitada." – diz Maria. Eufrásia da Rocha Robadey faleceu aos 76 anos, em março de 1976. Na ocasião, muitas pessoas se organizaram para prestar homenagens, comparecendo ao enterro que aconteceu no cemitério do Pechincha. É o que lembra Célia Maximiniano, hoje com 72 anos; a aposentada nasceu por meio de um parto realizado por Dona Eufrásia. "Foi muita gente, muita gente. Ela era muito querida, porque era uma pessoa que chamava ela, fosse a hora que fosse, ela ia. Ia para Rio das Pedras, Gardênia, Muzema... Todo mundo. Nossa Senhora! Quando ela faleceu, foram dois ônibus... cheios, só de afilhado que ela tinha!” – conta a aposentada. Dona Maria Rocha Robadey se emociona ao lembrar o legado deixado por sua mãe, que foi responsável por trazer ao mundo a primeira geração de nascidos em Rio das Pedras. “A minha mãe merecia ter uma rua com o nome dela. A minha mãe merecia ter uma estátua, com o busto dela. Porque ela não era só uma parteira. Ela era, acima de tudo, um ser humano fantástico. Não é porque eu sou filha dela que estou falando, não. Ela foi uma criatura extraordinária.” - relembra Parteiras ontem e hoje: a luta por reconhecimento Hoje, o cenário da Obstetrícia ainda é de disputa e resistência. Mariane Marçal, enfermeira obstétrica, sanitarista e integrante do Sankofa Atendimento Gestacional - coletivo de enfermeiras obstétricas que atua no Rio de Janeiro desde 2018, oferecendo acompanhamento gestacional, partos domiciliares planejados e pré-natal social, com foco especial em mulheres negras, periféricas e em situação de vulnerabilidade - esclarece que ainda é preciso que a sociedade avance nos direitos da mulher, principalmente no momento do parto. “É um campo de disputa de maneira geral. Embora a gente já tenha o reconhecimento das parteiras tradicionais como patrimônio cultural do país, e embora exista a luta pela humanização do parto, esse não é um cenário consolidado; é um cenário de tensão e de disputa política ferrenha." Segundo a profissional, o entendimento atual de parte da sociedade é o de que o saber ancestral não pode andar junto com a ciência, o que faz com que o trabalho dessas profissionais seja desvalorizado. "A Obstetrícia, enquanto campo do saber dentro da saúde, passou a ser centrada na figura do médico e na valorização de uma intelectualidade baseada no conhecimento científico e estritamente acadêmico. Existe um entendimento social de que o saber legítimo é aquele produzido dentro das universidades, respaldado por pesquisas formais e legitimado pelas instituições médicas. Nesse contexto, as parteiras tradicionais são frequentemente colocadas à margem, uma vez que seus saberes, embora ancestrais e enraizados na experiência, na vivência e na oralidade, são desvalorizados por não se enquadrarem nos padrões da ciência hegemônica. Seus conhecimentos são frequentemente vistos como populares, informais, e por vezes até criminalizados ou considerados perigosos, por destoarem do que a medicina institucionalizada define como seguro ou adequado." Apesar dos desafios, grupos como o Sankofa lutam pela valorização de um trabalho obstétrico que vá além da medicina baseada em fatos e leve também em consideração saberes, identidades, crenças e histórias particulares de cada família atendida. O futuro do parto e da memória A história de Dona Eufrásia é, acima de tudo, uma história de resistência, cuidado e construção coletiva. Sua atuação como parteira foi fundamental para a saúde e o bem-estar de gerações de Rio das Pedras, em um tempo de ausência do Estado e de solidariedade entre vizinhos. Hoje, seu legado inspira a luta pela valorização dos saberes ancestrais e pelo direito à autonomia das mulheres. Como disse sua filha Maria: “O importante é lembrar do bem que a minha mãe fez. Ela merecia ser lembrada com carinho”. Que a memória de Dona Eufrásia siga viva, como exemplo de humanidade, força e justiça para as futuras gerações de Rio das Pedras. O conteúdo que você acabou de ler faz parte do Lembranças: Rio das Pedras , um projeto da Agência Lume que busca registar e disponibilizar a memória da Favela de Rio das Pedras. Para isso nossa equipe está entrevistando diversos moradores e ex-moradores que viveram na região entre os anos de 1940 e 1990. Para construir esta reportagem nós contamos com o apoio dos seguintes moradores: Célia Maximiniano, Eliza Antunes Caetano, Maria da Conceição Antunes (Dona Quinha) e Maria Da Rocha Robadey. E dos voluntários Leonardo Soares, Lucas Barros e Wellington Melo . Se você também fez parte dessa história e quer nos ajudar, entre em contato com a nossa equipe através do WhatsApp: (21) 99783-6904.
- Território Mídias Brasil lança plataforma inédita para mídias periféricas
Nova iniciativa quer fortalecer coletivos, conectar territórios e combater a desinformação. As inscrições estão abertas para mídias de SP, RJ, BA e RS. O Território Mídias Brasil (TMB) acaba de lançar uma plataforma inovadora voltada para fortalecer e conectar mídias periféricas em todo o país. A iniciativa, realizada em parceria com o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e a Fundação Banco do Brasil, abre inscrições para coletivos de comunicação popular - jornais, sites, zines, TVs e rádios comunitárias - dos estados da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. O objetivo central do TMB é impulsionar a troca de conhecimento entre as mídias, promovendo a democratização da informação, a valorização da cidadania e o enfrentamento à desinformação nos territórios periféricos. A plataforma foi pensada por e para as periferias, oferecendo até 100GB de armazenamento gratuito para cada coletivo: 40GB liberados ao completar o cadastro e mais 60GB desbloqueados conforme a interação com a plataforma e outras mídias. Além do espaço de armazenamento, o TMB disponibiliza bibliotecas individuais e públicas para compartilhamento de conteúdos, encontros virtuais mensais e um evento presencial em cada estado participante em 2025. Os coletivos também terão acesso a conteúdos exclusivos sobre políticas públicas, direitos sociais e experiências comunitárias, produzidos pelo próprio Território Mídias Brasil. Segundo Dad Matos, coordenadora de comunicação do TMB, “não dá pra assistir ao que está acontecendo no Brasil sem reunir as Mídias Periféricas e criar um plano de ação junto com elas. A cidadã, o cidadão brasileiro que rala, que vive a dura realidade decorrente do capitalismo predador e excludente precisa ter acesso à boa informação, saber identificar as causas da realidade social que os oprime e reconhecer a manipulação a que estão sujeitos. O dia que essa ficha cair, teremos outro Brasil”. Cecília Figueira, coordenadora de comunicação social da iniciativa, reforça: “Apesar da dura realidade do dia a dia em nosso país, diante dos índices escandalosos de desigualdade social, a partir da luta nos territórios surgem alternativas e esperança para o Brasil. Não abrimos mão de nossos sonhos. Venha desvendar a realidade e colaborar com a construção de um mundo mais digno e justo para todos.” Como participar Mídias interessadas podem se cadastrar diretamente pela plataforma e obter mais informações pelo e-mail contato@territoriomidiasbrasil.com.br . Para conhecer melhor a iniciativa, acesse www.territoriomidiasbrasil.com.br e acompanhe as novidades no Instagram oficial .
- Rio retoma vacinação contra Covid-19 com doses atualizadas para variante JN.1
Idosos em instituições de longa permanência e crianças de 6 meses a 4 anos são os primeiros a receber o novo imunizante. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro retoma nesta quarta-feira (7/5) a vacinação contra a Covid-19 com doses atualizadas para a variante JN.1. O município recebeu 20.700 doses do novo imunizante, que inicialmente será aplicado em idosos residentes em instituições de longa permanência (ILPI). Além disso, chegaram 13.040 doses da Pfizer Baby, destinadas a crianças de 6 meses a 4 anos. A nova vacina é segura, protege contra a variante mais recente e reduz o risco de internação e mortalidade. Para receber a dose, é necessário ter tomado a anterior há pelo menos um ano. Nos próximos dias, conforme a chegada de mais vacinas, outros grupos prioritários serão contemplados nas 240 salas de vacinação da rede municipal e nos Super Centros Carioca de Vacinação, em Botafogo e no Park Shopping Campo Grande. A Secretaria reforçou a importância de manter em dia outras vacinas da temporada, como contra influenza, febre amarela e sarampo. A campanha da gripe segue em andamento, com o Dia D marcado para este sábado, 10 de maio. Fonte: https://prefeitura.rio/
- A História do bairro do Pechincha
Por: Val Costa. Professor de Geografia e membro do IHBAJA. O Pechincha é um bairro localizado na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Ele faz parte da XVI Região Administrativa (Jacarepaguá) e possuía, no ano de 2022, 37.487 habitantes, que estavam distribuídos por uma área de 3,044 km². O local onde as estradas do Tindiba e do Pau Ferro se encontram, passou, no final do século XIX, a ser chamado popularmente de “Pechincha”. A denominação é uma referência ao comerciante José “Pechincha”, que possuía um armazém de secos e molhados no qual ele comercializava os produtos dos sitiantes da localidade. Esse estabelecimento visava atender as demandas dos moradores do entorno. Para concorrer com o comércio da Taquara e da Freguesia, o Sr. José vendia os seus produtos por preços menores do que os dos outros comerciantes, passando a ser conhecido como José “Pechincha”. No bairro está o Cemitério de Jacarepaguá, no qual foram sepultadas grandes personalidades da cidade, como o engenheiro Edgard Werneck, o médico sanitarista Cândido Benício, o político Quintino Bocaiúva e a cantora Carmélia Alves. Por iniciativa do ator Leopoldo Fróes foi fundada nesse bairro, em 1918, a “Casa dos Artistas”. No ano seguinte, Fróes recebeu uma doação de um grande terreno também localizado no Pechincha, onde foi instalado o Retiro dos Artistas. Essa instituição acolhe artistas idosos que passam por dificuldades financeiras ou são abandonados pelas suas famílias. Dentro do local fica o Teatro Iracema de Alencar, um ótimo lugar para a realização de espetáculos e shows musicais, pois abriga confortavelmente 282 pessoas. No dia 14 de dezembro de 2024, a prefeitura reinaugurou dois importantes equipamentos culturais nesse bairro: a Areninha Jacob do Bandolim e a Biblioteca Pública de Jacarepaguá. Localizados na Praça Geraldo Simonard, popularmente conhecida como Praça do Barro Vermelho, ambos foram revitalizados por meio do programa Cultura do Amanhã, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. Val Costa é professor de Geografia e Membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá.
- Prefeitura do Rio antecipa fim das concessões de ônibus municipais
Foto: Douglas Teixeira / Agência Lume Município informou que o valor de R$ 100 milhões em depósitos judiciais serão revertidos para compra de novos veículos. A Prefeitura do Rio de Janeiro firmou um acordo judicial com o Ministério Público Estadual e os quatro consórcios que operam as linhas de ônibus da cidade para antecipar o fim das concessões do transporte municipal, originalmente previstas para 2028. O acordo, homologado nesta terça-feira (30), prevê a retirada gradual de linhas operadas pelos consórcios atuais, priorizando aquelas com pior avaliação de qualidade, e a implementação de novos operadores por meio de licitação já a partir de junho deste ano. Uma das principais novidades do acordo é a destinação de mais de R$ 100 milhões em depósitos judiciais para a compra de novos ônibus com ar-condicionado, que passarão a integrar o patrimônio público ao final das concessões. O objetivo, segundo a Prefeitura, é melhorar a qualidade do serviço para os usuários e preparar o setor para uma nova licitação. O monitoramento da qualidade será feito trimestralmente por meio do Índice de Qualidade do Transporte (IQT), que avalia indicadores como regularidade, idade da frota, atendimento ao usuário e satisfação dos passageiros. Linhas com desempenho abaixo do índice 0,8 poderão ser transferidas para novos operadores ou assumidas pela própria Prefeitura, enquanto aquelas que mantiverem bom desempenho seguirão com os atuais consórcios até o fim do contrato. Viagens realizadas com ônibus irregulares, sem climatização ou fora do plano operacional não receberão subsídio, e os valores glosados - que já somam mais de R$ 100 milhões - serão revertidos integralmente para a aquisição de novos veículos climatizados. O acordo também prevê a integração entre os sistemas de bilhetagem Jaé (municipal) e Riocard (estadual e intermunicipal), facilitando a conexão entre ônibus municipais e outros modais de transporte. Além disso, a Prefeitura se comprometeu a quitar R$ 111,4 milhões em subsídios pendentes referentes a novembro e dezembro de 2024 em até cinco dias úteis. Segundo a secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, o novo modelo representa um avanço na requalificação do transporte público carioca. "A partir de um índice de qualidade que considera fatores como atendimento ao usuário, idade da frota, regularidade e grau de satisfação dos passageiros, será possível definir quais empresas continuarão operando até o término da concessão, em 2028, e quais terão seus contratos encerrados antecipadamente”, disse a secretária municipal de Transportes O vice-prefeito Eduardo Cavaliere destacou que a mudança começa pelas linhas com pior desempenho, especialmente na Zona Oeste, e que a meta é promover uma verdadeira revolução no sistema de ônibus. “O objetivo é oferecer um serviço de melhor qualidade para o usuário. Vamos fazer a mesma revolução nos ônibus, assim como fizemos nos corredores de BRTs no governo passado. Isso foi inclusive promessa na campanha da reeleição do prefeito. Optamos por iniciar essa mudança pelas linhas que oferecem os serviços de pior qualidade”, disse o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere. Problemas persistentes no Anil, Freguesia e Rio das Pedras Foto: Fernanda Calé / Agência Lume A decisão da Prefeitura ocorre em meio a um cenário de insatisfação crescente dos moradores de bairros como Jacarepaguá, Anil, Freguesia e Rio das Pedras, que enfrentam diariamente superlotação, atrasos e falta de climatização nos ônibus. Uma reportagem especial da Agência Lume revelou que apenas 86,97% da frota que atende a região possui ar-condicionado, e que linhas como a 390 (Curicica - Candelária), 565 (Tanque - Gávea) e 600 (Taquara - Saens Peña) lideram as reclamações por problemas de conforto e pontualidade. Em um ano, foram mais de mil autuações aplicadas às empresas que operam na região, sendo a inoperância do ar-condicionado a principal infração. O levantamento da Agência Lume também detalha o impacto do calor extremo na saúde dos passageiros, a rotina de espera nos pontos e o volume de queixas registradas no sistema 1746. A expectativa é que o novo acordo judicial e a renovação da frota tragam melhorias concretas para os usuários desses bairros, que há anos cobram soluções para a precariedade do transporte público local. Para mais informações e dados detalhados sobre a qualidade da frota, principais linhas problemáticas e relatos de usuários, acesse a reportagem completa da Agência Lume sobre o transporte municipal em Jacarepaguá e região.
- Dia do Trabalhador: Veja o que vai funcionar no Rio de Janeiro
No Feriado de 1º de Maio, bancos, repartições públicas e Correios fecham; transportes, mercados e serviços essenciais funcionam em esquema especial. O feriado nacional do Dia do Trabalhador, celebrado nesta quinta-feira, 1º de maio, vai alterar o funcionamento de diversos serviços no Rio de Janeiro é importante ficar atento às mudanças nos horários e esquemas de funcionamento. Confira o que abre e fecha na cidade: Bancos e Serviços Financeiros Bancos: Todas as agências bancárias estarão fechadas. Operações podem ser feitas normalmente por caixas eletrônicos, internet banking e aplicativos. Contas de consumo e boletos com vencimento em 1º de maio poderão ser pagos no próximo dia útil, sem acréscimo de juros. Lotéricas: Fechadas durante o feriado. Comércio, Shoppings e Supermercados Shoppings: Funcionamento em horário especial, geralmente das 13h às 21h para lojas e das 12h às 22h para praças de alimentação. Consulte o shopping de interesse para confirmar o horário específico. Lojas de rua: Abertura facultativa, mediante emissão do Termo de Adesão para Trabalho nos Feriados. Caso abram, o expediente é limitado a 6 horas, sem prorrogação. Lojas operadas apenas pelos sócios podem abrir sem restrição. Supermercados: A maioria funciona normalmente, mas pode haver alteração nos horários dependendo da rede e da região. As lojas do Pão de Açúcar vão funcionar normalmente, das 7h às 22h, com exceção da unidade de Itaipu, que abre às 8h. No Extra Mercado, as lojas também terão funcionamento normal, das 7h às 22h, exceto a unidade São Gonçalo Rocha, que fecha mais cedo, às 19h. O Assaí Atacadista abrirá das 7h às 22h em todas as unidades do estado do Rio de Janeiro, com exceções: as lojas da Ceasa funcionarão das 6h às 20h, enquanto as unidades de Petrópolis e Campos dos Goytacazes estarão fechadas. A consulta de horários específicos pode ser feita no site da rede . No Supermarket, o horário de funcionamento varia conforme a unidade, sendo necessário conferir as informações no endereço virtual da empresa . As lojas do Prezunic funcionarão normalmente, com horários disponíveis no site do Prezunic. No Guanabara, o atendimento ocorrerá das 7h às 22h. Já o Mundial abrirá em horário habitual, das 7h30 às 21h. Saúde e Serviços Essenciais Hospitais e UPAs: Funcionam normalmente, com atendimento 24 horas em regime de plantão. Postos de saúde e clínicas da família: Fechados no feriado, retomando o atendimento na sexta-feira (2). Serviços Públicos Detran-RJ: Todas as unidades estarão fechadas, com atendimento retomado na sexta-feira (2). INSS: Agências fechadas, mas serviços digitais pelo site/aplicativo Meu INSS e Central 135 continuam disponíveis 24 horas. Correios: Agências fechadas, com atendimento presencial retomado na sexta-feira (2). Serviços digitais e centrais automatizadas seguem disponíveis.
- Cursos gratuitos de turismo no Rio: 235 vagas em diversas áreas de capacitação
Aulas incluem inglês, espanhol, Libras e mais; inscrições abertas com benefícios para transporte e alimentação. A Secretaria Municipal de Turismo do Rio de Janeiro (SMTUR-RIO), em parceria com o Senac RJ, está oferecendo 235 vagas gratuitas para cursos de capacitação profissional no setor turístico. As aulas serão realizadas nas unidades do Senac RJ em Campo Grande, Madureira e Centro Politécnico do Riachuelo, com início em abril e término em julho. Cursos disponíveis Os cursos oferecidos abrangem áreas estratégicas do turismo e hospitalidade, incluindo: inglês básico 1 e 2; espanhol aplicado aos serviços de turismo; Libras básico 2; informações turísticas locais; recepção de hotéis: Operação e procedimentos; etiqueta, protocolo e cerimonial. Quem Pode Participar Para se inscrever, é necessário ter mais de 18 anos e residir no município do Rio de Janeiro. Os cursos são totalmente gratuitos e incluem ajuda de custo para alimentação e transporte. Além disso, os alunos terão acesso à plataforma Senac Interliga, que conecta formandos a oportunidades no mercado de trabalho. Inscrições As inscrições estão abertas enquanto houver vagas disponíveis. Interessados podem se cadastrar por meio da página oficial da SMTUR-Rio ou pelo link na bio do Instagram @ smtur.rio . Desde 2022, a Escola Carioca de Turismo já capacitou 1.932 profissionais. A maioria dos participantes é composta por mulheres (71,5%), com ensino médio completo (68,5%) e idade média de 36 anos. A Zona Oeste lidera em número de inscritos, com destaque para Campo Grande. Fonte: Prefeitura do Rio .
- A Barra da Tijuca de outras histórias
" Barra da Tijuca - RJ " da barrazine está licenciada sob CC BY 2.0 . Por: Leonardo Soares dos Santos. Professor de História/UFF, pesquisador do IHBAJA e do IAP. Barra da Tijuca é um dos bairros de história mais recente no Rio, ao menos daqueles mais notórios. As suas bases foram lançadas ainda nos anos 1920, mas só começou a tomar cara mesmo lá para o final dos anos 1970. Na história então comumente narrada sobre a Barra, ela é associada a imagens paradisíacas (praias, lagoas, canais, ilhas, morros, restingas) e a grupos sociais específicos (classe média alta e novos ricos) e a tipos de habitação diretamente relacionados ao poder aquisitivos daqueles grupos (condomínios de alto padrão, mansões, apartamentos luxuosos). Consolidou-se então uma imagem da Barra da Tijuca como um lugar de desfrute das classes mais abonadas da sociedade carioca: um espaço de recreio dos mais privilegiados. Das práticas de “corrida de submarino” feitas nas praias pelos jovens namorados dos anos 1940 e 1950, a Barra passou a ser a sede por excelência de práticas como o surf, windsurf, voos de ultraleve, passeios no shopping, livre desfile de carros importados, restaurantes finos etc. Nesse retrato sobre o bairro e sua história, havia uma ideia subjacente: a de que o território começou a se desenvolver exatamente quando esses usos se consolidaram no território ali pelos anos 1980. Era como se antes a Barra não tivesse história. Grave erro. Porque a história da Barra é muito anterior. E feita por mãos, braços, suor e sangue de gente de outras categorias sociais. Antes de tudo é preciso lembrar que antes dos portugueses ocuparem o território, os povos originários já a habitavam, nela produzindo vida e saberes. E do período colonial até o fim da monarquia escravocrata a área seria desenvolvida e cuidada pelo trabalho de pescadores e camponeses, e por trabalhadores escravizados, ou seja, tratava-se nos dois casos do povo preto que ali ia tecendo o dia-a-dia da sobrevivência, sob condições muito duras e injustas, mas sempre resistindo e persistindo. Houve ainda uma boa parcela de escravizados alforriados e quilombolas que também atuaram na região desde sempre, ocupando pequenas parcelas nos morros da região e que seguiram vivendo na região por anos a fio, e com seus descendentes atravessando o século XX, mantendo seus roçados e pequenas criações, tão importantes para a subsistência de tantas famílias que ali habitavam. A história dessa gente ainda está para ser devidamente contada. E a história dela foi e é parte integrante da história da Barra da Tijuca. A Barra é muita mais do que shoppings, condomínios e lazeres da classe média bronzeada. Ela também é a Barra do povo preto, pobre e camponês. Leonardo Soares dos Santos é graduado (2003) em História pela Universidade Federal Fluminense, onde realizou também o seu mestrado (2005) e doutorado (2009) em História Social. Suas pesquisas versam basicamente sobre as relações entre o espaço rural e urbano e suas implicações em termos de políticas públicas e configuração de grupos sociais. Atualmente trabalha como professor e pesquisador no Departamento de Fundamentos da Sociedade do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional do Polo Universitário da Universidade Fluminense, localizado em Campos dos Goytacazes. É membro-militante do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá desde 2010.
- A realidade de quem usa ônibus Municipais em Rio das Pedras, Anil e Freguesia
Foto: Douglas Teixeira / Agência Lume Com mais de mil multas aplicadas no último ano e 13% da frota sem climatização, moradores de Jacarepaguá enfrentam calor, atrasos e superlotação diariamente. Os bairros de Rio das Pedras, Anil e Freguesia, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, enfrentam graves problemas de transporte público. A promessa de uma frota 100% climatizada feita pela Prefeitura em 2018 ainda está longe de ser cumprida. Dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam que 133 ônibus que operam na região circulam sem ar-condicionado, o equivalente a 13% da frota. Além disso, os passageiros convivem com atrasos frequentes, superlotação e veículos em más condições. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), o Consórcio Transcarioca opera 1.021 ônibus nos bairros de Rio das Pedras, Anil e Freguesia. Destes, apenas 86,97% possuem ar-condicionado. A linha 390 (Curicica - Candelária) é a campeã de reclamações por falta de climatização, com 329 registros no último ano. Outras linhas problemáticas incluem: 565 (Tanque - Gávea): 238 reclamações. 600 (Taquara - Saens Peña): 229 reclamações. 692 (Méier - Alvorada): 210 reclamações. 368 (Riocentro - Candelária): 196 reclamações. O calor extremo dentro dos veículos é uma constante durante o verão carioca. Apesar da criação do programa "Agentes do Verão", que monitora a climatização da frota, muitos moradores reclamam que os ônibus circulam com o ar-condicionado quebrado ou desligado. "Existem ônibus construídos com vidraças no lugar de janelas que trafegam sem ar. Isso deveria ser considerado crime pois nenhum ser humano resiste preso dentro de um carro ou ônibus com os vidros fechados e lacrados exposto ao sol com temperaturas em torno de 40ºC." - Adilson Rodegheri Peçanha, morador da Freguesia e usuário da linha 565. Superlotação e atrasos Além da climatização insuficiente, os passageiros enfrentam superlotação e longos períodos de espera. A linha 692 (Méier - Alvorada) lidera as reclamações por superlotação, com 46 registros nos últimos 12 meses, seguida pela linha 565, com 29 reclamações. Veja as cinco linhas com mais reclamações por superlotação: 692 (Méier - Alvorada): 46 reclamações. 565 (Tanque - Gávea): 29 reclamações. 390 (Curicica - Candelária): 28 reclamações. 766 (Madureira - Freguesia): 28 reclamações. 611 (Camorim - Del Castilho): 21 reclamações. 555 (Rio das Pedras - Gávea): 19 reclamações. Nos horários de pico, o tempo médio de espera nas paradas é de aproximadamente 12 minutos, mas atrasos significativos são frequentes. A linha 692, novamente, se destaca negativamente: foram registradas 44 queixas por atrasos, com relatos de espera superior a uma hora. Outras linhas com altos índices de atraso incluem: 348 (Riocentro - Candelária): 43 reclamações, tempo médio 1 hora. 766 (Madureira - Freguesia): 33 reclamações, tempo médio 40 minutos. 601 (Saens Peña - Santa Maria): 27 reclamações, tempo médio 1 hora. 611 (Camorim - Del Castilho): 25 reclamações, tempo médio 1 hora. Lélio Araújo é morador da Freguesia e reclama da superlotação nos horários de pico. Segundo o Lélio, do início da manhã até às 9h e das 17h às 19h, é muito difícil embarcar nos ônibus que seguem o itinerário pela serra Grajaú-Jacarepaguá. "A maioria das linhas que atendem a Freguesia sai de bairros periféricos como Taquara, Cidade de Deus, Barra da Tijuca e Tanque, atendendo aos moradores dessas regiões e ao passar na Freguesia já estão bastante cheios, muitas vezes impossibilitando o ingresso em condições adequadas." Multas e fiscalizações Entre março de 2024 e março de 2025, o Consórcio Transcarioca foi autuado mais de mil vezes pela SMTR. As principais infrações foram: Inoperância do ar-condicionado: 308 multas. Outras irregularidades operacionais e de manutenção: 764 multas. Quem depende do transporte reclama do número de fiscalizações realizadas na região. Gabriel Nunes é entrevistador do IBGE e por conta do seu trabalho circula utilizando transporte público por toda a região de Jacarepaguá, ele diz que apesar das penalidades aplicadas, como corte no subsídio de empresas que sejam autuadas em fiscalizações, os problemas persistem. "Se não tem fiscalização, não tem como eles verem que as frotas estão em desacordo com a climatização. Se não tem fiscalização, não tem prova, então não tem punição contra as empresas. Então eu acho que realmente não está surtido nenhum efeito essa medida" - conclui. Linhas mais problemáticas Com base nos dados fornecidos pela Prefeitura via LAI, as linhas mais criticadas são: 390 (Curicica - Candelária): Maior número total de reclamações (499) e líder em problemas relacionados à climatização. 565 (Tanque - Gávea): Maior número médio diário de passageiros (8,3 milhões em 2024) e destaque negativo em superlotação. 692 (Méier - Alvorada): Linha com maior número de reclamações por atrasos e superlotação. Impacto na saúde O calor extremo dentro dos ônibus sem climatização ou com janelas lacradas pode trazer sérias consequências para a saúde dos passageiros. Segundo o médico de família e comunidade Sidney Teixeira, o ambiente fechado e sem circulação de ar transforma os veículos em verdadeiras "estufas", agravando ainda mais o calor externo. "O tempo quente por si só já desencadeia adaptações que os nossos corpos têm de fazer, mas a nossa capacidade enquanto organismo não é infinita, e o calor pode justamente ultrapassar e provocar dano. Pensando-se em uma estrutura fechada e com vidro, e como muitos reclamam muitas vezes sem circulação de ar (ônibus com janelas lacradas), tal como uma estufa, a temperatura interna tende a aumentar, exacerbando qualquer calor externo. Mais intenso do que no contexto de janelas abertas e pior ainda do que com a refrigeração artificial." Sidney explica que os efeitos do calor podem variar de desconfortos leves, como dor de cabeça, fadiga, enjoos e cãibras, até problemas graves como hipertermia, desidratação severa, danos renais, infarto agudo do miocárdio e até morte. Ele também alerta que grupos vulneráveis — como crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas — estão mais suscetíveis a esses riscos. Além disso, o especialista destaca outro problema relacionado à falta de ventilação nos ônibus lacrados: o aumento do risco de transmissão de doenças infecciosas. "A restrição da circulação do ar nesses ônibus lacrados e com sistema de climatização não funcionante pode multiplicar o risco de transmissão de doenças infecciosas em situações de aglomeração, especialmente durante períodos mais frios. A abertura eventual das portas não é suficiente para provocar uma troca de ar adequada." A importância do registro de reclamações Muitos usuários de linhas de ônibus que circulam na região estão se mobilizando para cobrar medidas mais efetivas. A Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (AMAF) informou à Agência Lume que, no dia 28 de janeiro de 2025, protocolou um ofício junto à Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), solicitando maior rigor nas fiscalizações da frota de ônibus que circula pelo bairro. O documento, registrado sob o número MTR-CAP-2025/00524, destaca a persistência de problemas como a ausência de climatização em veículos e a má conservação da frota, mesmo após autuações aplicadas nos últimos anos. No ofício, a AMAF anexou uma lista com 33 protocolos registrados no sistema 1746 apenas em janeiro de 2025, evidenciando reclamações recorrentes feitas por moradores sobre diversas linhas que atendem a região. Entre os principais pontos levantados pela associação estão a necessidade de intervenções mais eficientes para garantir o cumprimento das normas de qualidade e estimular o uso do transporte coletivo. "A Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (AMAF) promove há anos uma campanha de denúncia de ônibus sem ar-condicionado a partir da plataforma municipal do 1746, considerando a própria campanha e a promessa da Prefeitura. No entanto, os passageiros perceberam mudanças pequenas nesses últimos anos, notando até piora das condições em algumas linhas. Sem a resolução do calor nos ônibus, no início de 2024, comunicamos a Secretaria Municipal de Transportes, o que gerou fiscalizações a várias linhas de ônibus mas não culminou em melhora contínua da frota. Cientes desse compromisso público do prefeito em climatização total da frota de ônibus, voltamos a reclamar com a Secretaria, pedindo ação mais eficaz inclusive. Ainda aguardamos uma resposta oficial ao nosso comunicado, mas a partir da Lei de Acesso à Informação já pudemos verificar que mais de 200 autuações a diferentes linhas de ônibus foram feitas. Esperamos apenas que agora resolva." - Concluiu a associação. Qualquer cidadão pode registrar reclamações e colaborar para a fiscalização. As reclamações são muito importantes, e a longo prazo podem ajudar na melhoria do serviço de transporte oferecido na nossa região. Os moradores podem registrar suas reclamações pelos seguintes canais: Telefone: Ligue para o número 1746. Basta clicar nas teclas 1746 ou, se preferir (21) 3460-1746, que são tarifadas ao custo de uma ligação de telefone fixo; Internet: Acesse https://www.1746.rio para realizar um registro, basta clicar no serviço relacionado e escolher o tipo e subtipo do tema que pretende acionar. Ou baixe o aplicativo do 1746 na loja de Apps do seu celular. Presencialmente: Neste caso, o cidadão deverá se direcionar à loja de serviço na Rua Afonso Cavalcanti, 455, térreo - Cidade Nova- Rio de Janeiro - RJ. O que dizem os citados? A Prefeitura afirmou que está trabalhando para melhorar a qualidade do serviço por meio da intensificação da fiscalização. O programa "Agentes do Verão" foi criado para monitorar as condições dos ônibus durante os meses mais quentes, e que tenta dar efetividade aos dispositivos legais e regulamentares que estabelecem o dever de climatização, a exemplo da Resolução SMTR no 3626/2023 e o Código Disciplinar (Decreto Rio no 36.343/2012, art.23, inciso II). Além disso, esse assunto de climatização fez parte das Metas Estratégicas para cumprimento dos órgãos, como exemplo: 4.a. Implantar o sistema de monitoramento da climatização dos ônibus do SPPO. O Município conclui dizendo que está aprimorando as ações de fiscalização tendo em vista a adequada prestação do serviço, notadamente quanto à climatização. O Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro, Rioônibus respondeu por meio de nota, segundo o Rioônibus, 95% da frota que circula na cidade está equipada com ar-condicionado. Veja a nota completa: Nota Rio Ônibus Todas as linhas municipais de ônibus atendem às determinações de planejamento da SMTR. Na cidade do Rio, 95% da frota de ônibus está equipada com ar-condicionado, sendo este um dos maiores percentuais do país. É importante lembrar que a sequência ininterrupta de abertura das duas portas ao longo das viagens dificulta em muito o resfriamento interno, ao contrário do que ocorre em veículos de passeio. Vale ressaltar ainda que, segundo a norma NBR 15570 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), os equipamentos de refrigeração dos ônibus urbanos devem assegurar que, quando a temperatura externa for superior a 30°C, a temperatura interna se mantenha pelo menos 8 graus abaixo. No verão carioca, temperaturas externas superiores a 40 graus acabam, infelizmente, por gerar desconforto nos passageiros. Os consórcios trabalham em força-tarefa e mantém diálogo constante com a secretaria a fim de viabilizar outras melhorias.
- Município do Rio inicia campanha de vacinação contra a gripe
Campanha começa com profissionais de saúde e se estenderá a outros grupos prioritários nas próximas semanas. Saiba mais: A cidade do Rio de Janeiro deu início, no último sábado (29), à campanha de vacinação contra a gripe (Influenza), começando pelos trabalhadores da saúde. A ação é promovida pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e busca prevenir complicações, internações e óbitos causados pela infecção do vírus influenza, especialmente entre os grupos mais vulneráveis. A vacina, que é atualizada anualmente, protege contra três cepas do vírus: H1N1 (Victoria), H3N2 (Tailândia) e B (Áustria). A vacinação é gratuita e segura para os grupos indicados. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, a imunização é essencial para evitar problemas respiratórios graves, especialmente com a chegada do inverno. Em 2024, mais de dois milhões de doses foram aplicadas na cidade. Este ano, já foram registrados nove óbitos e 64 internações por influenza no município. Para atender à demanda inicial da campanha de 2025, o Rio recebeu 220 mil doses da vacina para a primeira semana. Cronograma da Campanha 29 de março: Início da vacinação para trabalhadores da saúde. 1º de abril: Vacinação para crianças de seis meses a seis anos, idosos acima de 60 anos e gestantes. 7 de abril: Inclusão das pessoas com comorbidades no cronograma. 12 de abril: Imunização dos demais grupos prioritários. Os interessados devem acompanhar o cronograma e comparecer às unidades de saúde portando documento de identificação, caderneta de vacinação e comprovante que ateste sua inclusão no grupo prioritário (como laudo médico ou documento funcional). Outras campanhas em andamento Além da vacinação contra a gripe, o município do Rio segue mobilizado em outras campanhas importantes. Sarampo: a vacinação contra o sarampo ganhou reforço com novos pontos estratégicos espalhados pela cidade, incluindo aeroportos, terminais rodoviários e shoppings. Desde o início da mobilização, mais de 3 mil doses já foram aplicadas. Podem se vacinar crianças a partir de 12 meses até adultos de 59 anos. Pessoas acima de 30 anos precisam de apenas uma dose, enquanto os mais jovens (até 29 anos) devem completar o esquema vacinal com duas doses, sendo necessário um intervalo de um mês entre elas Nos dias 3 e 4 de abril, a campanha de vacinação contra o Sarampo chegará ao shopping ParkJacarepaguá, no Anil. Equipes da Secretaria Municipal de Saúde estarão aplicando a vacina das 10h às 16h. Dengue: Outra ação relevante é a vacinação contra a dengue, que também está sendo intensificada devido ao aumento sazonal dos casos da doença no estado. Ambas as campanhas refletem o compromisso da SMS em proteger a saúde dos cariocas por meio da imunização gratuita e acessível em todas as regiões do município. Podem se vacinar crianças e adolescentes entre 10 e 16 anos (16 anos, 11 meses e 29 dias). E recentemente, foi ampliada para adolescentes de 17 e 18 anos, até o dia 26 de março.










