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Yakaré Upá Guá: a baixada que existia antes de Jacarepaguá

Foto do escritor: IHBAJAIHBAJA

Atualizado: 9 de fev.

Na imagem podemos ver uma visão aérea de Jacarepaguá
Foto: Agência Lume

Por: Val Costa.

Professor de Geografia e membro do IHBAJA.

 

Entre 1555 e 1567, a região da Baía de Guanabara foi palco de vários conflitos envolvendo portugueses e franceses. Liderados por Nicolas Durand de Villegagnon, os súditos do rei Henrique II tentaram consolidar uma colônia no Rio de Janeiro: a França Antártica. Essa disputa suscitou a fundação, no dia 1º de março de 1565, da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

 

 

Estácio de Sá, seu fundador, morreu em decorrência de uma flechada no rosto durante esses combates. Substitui-o no governo da capitania do Rio de Janeiro seu primo, Salvador Correia de Sá. Em 1567, o novo governador doou sesmarias na planície costeira compreendida entre o Maciço da Tijuca, o Maciço da Pedra Branca e o mar para dois auxiliares administrativos: Jerônimo Fernandes e Julião Rangel.


Em 9 de setembro de 1594, os filhos de Salvador Correia de Sá, Martim Correia de Sá e Gonçalo Correia de Sá, solicitaram ao seu pai as terras da Baixada de Jacarepaguá, alegando que os sesmeiros originais não desenvolveram nenhuma atividade econômica nelas. Segundo a Lei das Sesmarias, as terras que não eram cultivadas no prazo de 30 anos voltavam às mãos da Coroa Portuguesa. Sob esse argumento, os dois irmãos pediram essa área e tiveram sua solicitação atendida.


A Lei N.º 5.146, de 7 de janeiro de 2010, que instituiu o Calendário Oficial de Eventos e Datas Comemorativas da Cidade do Rio de Janeiro, estabeleceu o dia 9 de setembro para a comemoração do aniversário de Jacarepaguá.


Muito antes da chegada dos europeus e também da fixação dos Tamoios e Temiminós na área onde atualmente está o estado do Rio de Janeiro, a região da Baixada de Jacarepaguá já tinha sido ocupada pelos povos sambaquieiros.


A palavra “sambaqui” vem do Tupi e significa “amontoado de conchas”. Os sambaquis são os mais antigos vestígios do ser humano em nosso litoral. Constituem montes formados por restos de mariscos, utensílios domésticos, espinhas de peixes e esqueletos de indivíduos da nossa espécie.


Os primeiros sambaquieiros ocuparam a área por volta de 4.500 anos atrás. Isso é atestado pela descoberta de diversos sambaquis na costa marítima da Baixada de Jacarepaguá e também por restos de conchas e ferramentas de rochas encontradas no Maciço da Pedra Branca.


Quando os portugueses iniciaram o processo de ocupação do que hoje corresponde ao estado do Rio de Janeiro, encontraram povos guerreiros que foram divididos pelos pesquisadores em quatro famílias linguísticas: Tupi-Guarani, Puri, Botocudo e Maxakalí.

Nessa época, na base do Maciço da Pedra Branca, existia uma aldeia Tupinambá chamada Ta'kwaru Su tyba. Ela era comandada pelo famoso cacique Abatipossanga, temido em toda a região.


Nas margens da Lagoa do Camorim existia uma outra taba indígena. Seu nome era Guará-guaçu-mirim, que significa “filhote de lobo grande”. Esse agrupamento pertencia aos Tamoios e reunia centenas de indivíduos.


A herança deixada pelos povos originários pode ser vista em diversos nomes de ruas e bairros da região. O próprio nome “Jacarepaguá” vem da família linguística Tupi-Guarani, significa “lagoa rasa dos jacarés” (upá=lagoa, guá=rasa e iakaré=jacaré).

 




Val Costa é professor de Geografia e Membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá.


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