
Por: Val Costa.
Professor de Geografia e membro do IHBAJA.
O atual bairro de Vargem Grande fazia parte do Engenho do Camorim, fundado por Gonçalo Correia de Sá em 1594. Em 1628, a filha de Gonçalo, Vitória Correia de Sá, casou com o espanhol Luis de Céspedes García Xería, que recebeu, como dote de casamento, as terras do Engenho do Camorim. Após a cerimônia, o casal foi morar em Assunção, já que D. Luís era governador do Paraguai.
Depois de 1640, Vitória de Sá, já viúva, reornou ao Brasil e enfrentou imensa batalha judicial com o primo Salvador Correia de Sá e Benevides pela posse das terras do engenho. Em 1667, tendo obtido ganho de causa, Vitória de Sá doou todas as suas posses para o Mosteiro de São Bento. Nessa propriedade, os beneditinos plantaram cana-de-açúcar, produziram farinha de mandioca, aguardente e criaram gado de corte.
No século XVIII, Frei Lourenço da Expectação Valadares subdividiu o Engenho do Camorim em três fazendas: Camorim, Vargem Grande e Vargem Pequena. Em 1891, os Beneditinos venderam a propriedade para a Companhia Engenho Central de Jacarepaguá e esta para o Banco de Crédito Móvel.
O Projeto de Lei Nº 528/2005 instituiu a última semana do mês de setembro como data comemorativa do aniversário do bairro de Vargem Grande. A data escolhida é atribuída ao fato de que a primeira citação histórica das Vargens foi feita em setembro de 1590, quando o bairro ainda fazia parte do Engenho do Camorim.
Em decorrência de suas características naturais, com partes inundadas, o Plano Lúcio Costa determinava o uso agrícola para toda essa imensa área. Em 2009, foi aprovado o Projeto de Estruturação Urbana dessa região, também conhecido como PEU das Vargens. Esse projeto é alvo de muita polêmica, pois estabelece parâmetros urbanísticos que favorecem o processo de especulação imobiliária.

Val Costa é professor de Geografia e Membro do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá.
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