Prefeitura anuncia transporte aquaviário no sistema lagunar da Zona Sudoeste
- Fernanda Calé
- 2 de out.
- 4 min de leitura

Rio das Pedras deve ganhar um dos cinco terminais obrigatórios previstos no projeto. Consórcio tem até 30 dias para apresentar o cronograma de trabalho.
O Complexo Lagunar da Zona Sudoeste do Rio, que abrange Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, vai ganhar um novo sistema de transporte público aquaviário: o Lagunar Marítima.
Segundo a Prefeitura do Rio, o sistema de barcos contará com cinco terminais, seis estações, oito linhas e será integrado ao transporte municipal, adotando a mesma tarifa já cobrada em outros modais: atualmente em R$ 4,70. A expectativa é que o novo modal transporte 85 mil pessoas por dia, além de oferecer mais qualidade de vida, novas alternativas de deslocamento e melhora no tráfego nas principais vias da região, como as avenidas das Américas e Ayrton Senna.
O projeto será viabilizado através de uma Parceria Pública-Privada (PPP), realizada pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), o Consórcio Lagunar Marítimo venceu a licitação do projeto de concessão. O contrato, foi assinado no dia 17 de setembro e tem validade de 25 anos.
O documento prevê a implantação, operação e manutenção do novo sistema, com investimento mínimo do consórcio de R$ 101,6 milhões, que pode ser ampliado. "É uma concessão equilibrada e com a tarifa do Bilhete Único Carioca. Estamos muito otimistas que vai caminhar bem, agora é aguardar o concessionário cumprir as etapas do contrato. Esse transporte promete transformar muito a realidade dessa região. O trabalhador de Rio das Pedras, Gardênia, Muzema, das comunidades da região e que trabalha nos condomínios, shoppings terá um transporte mais rápido e com conforto" - afirmou o prefeito do Rio, Eduardo Paes.
O Consórcio Lagunar Marítimo, tem agora até 30 dias para apresentar o cronograma de trabalho, e até 36 meses para construir cinco terminais obrigatórios: Gardênia Azul, Jardim Oceânico/Metrô, Linha Amarela, Muzema e Rio das Pedras; e seis estações/píeres: Arroio Pavuna, Barra Shopping, Bosque Marapendi, Parque Olímpico, Salvador Allende e Vila Militar.
Ao todo serão oito linhas obrigatórias: expressa Rio das Pedras x Linha Amarela; expressa Rio das Pedras x Jardim Oceânico; expressa Rio das Pedras x Barra Shopping; expressa Muzema/Jardim Oceânico; Linha Amarela x Muzema x Metrô; expressa Bosque Marapendi x Jardim Oceânico; Circular Lagoa de Jacarepaguá; e expressa Gardênia x Jardim Oceânico. A expectativa é que as obras tenham início no primeiro semestre de 2027, passando as etapas de apresentação do plano de implementação, dos projetos básico e executivo e da obtenção de licenças.
O consórcio também será responsável por propor outras linhas, terminais e estações por meio da apresentação do Plano de Implantação Operacional.
"Temos que destacar a importância de criarmos uma alternativa de transporte. Trazer a possibilidade, principalmente para os trabalhadores que precisam acessar essa região da cidade, do uso do transporte lagunar. Com tarifa e barcos padronizados, segurança, integrado com o Jaé. Esse é um passo importante da Prefeitura, completando as possibilidades de mobilidade na região" - disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima.
As embarcações
O consórcio deverá seguir as especificações definidas pela Prefeitura do Rio para compor a frota de embarcações. Os barcos podem ter capacidade para 42 a 120 passageiros. A frota deverá ter identificação visual externa da linha; atender as especificações de manutenção da Autoridade Marítima; sistema de alarme, combate a incêndio e de navegação por instrumentos.
A cabine de passageiros deverá ser protegida de chuva e vento, além de ter assentos novos e estofados. As saídas de emergências precisarão estar sinalizadas, assim como os barcos deverão ter iluminação para navegação noturna e acessibilidade. No início da operação, as embarcações deverão ter no máximo cinco anos de fabricação. O consórcio deverá ter uma frota reserva equivalente a 10% da frota operante.
A Iguá Saneamento, concessionária de água e esgoto da região de influência do programa, tem a obrigação contratual de investir R$ 250 milhões em desassoreamento e despoluição do complexo lagunar até agosto de 2026. O projeto de dragagem já foi licenciado pelo Inea, órgão ambiental do Governo do Estado, e aprovado em agosto de 2023.
Atividade de barcos local
O novo transporte público municipal irá funcionar paralelamente à atividade já realizada há décadas por barqueiros da região. O edital prevê a continuidade dos barcos, que não irão atuar nas rotas do transporte público municipal, nem irão concorrer com o aquaviário municipal em valor da passagem. Atualmente, os barcos locais não possuem pontos fixos e atendem moradores das ilhas da Gigoia, Primeira e demais existentes no entorno.
Opinião da população
Em abril de 2023 foi realizada um audiência pública para debater o projeto, na ocasião moradores e diversos representantes de instituições locais opinaram sobre o projeto. A principal reivindicação era a da necessidade de respeitar o meio ambiente, flora e fauna local, dessa região que é conhecida como o Pantanal Carioca.
Na ocasião, Michel Costa Dantas, presidente da associação de pescadores, Apesbagua, e pescador da região, falou sobre o potencial turístico do projeto, que pode ajudar na despoluição das lagoas, mas reiterou a necessidade de que o diálogo entre o poder público e pescadores seja ampliado, já que esses trabalhadores serão muito impactados pelo projeto:
"Acho que a maioria não é contra o transporte aquaviário. Acho que inclusive pode ser bom pra dar visibilidade a condição do complexo lagunar, e ajudaria na questão da despoluição, pois haveria mais turismo, poderia inclusive estender o projeto até o Recreio se quisessem abrindo os canais que chegam na Lagoa de Jacarepaguá."
Leia a reportagem completa aqui: https://www.agencialume.com/post/audiencia-publica-discute-transporte-aquaviario-na-barra-e-jacarepagua
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