Associação de moradores chegou a enviar ofício cobrando de órgãos municipais a regularização do comércio ambulante no bairro.
A disputa pelas calçadas na Freguesia não é uma novidade, principalmente quando pedestres tentam circular pelas principais ruas do bairro, que possuí um comércio efervescente.
Moradores reclamam da quantidade de comércios ambulantes instalados em alguns pontos da Estrada de Jacarepaguá e na Estrada dos Três Rios. Quem circula pelo local diz que em algumas horas do dia se torna muito difícil andar pelas calçadas.
Quem vive no local diz que os comerciantes chegam aos seus 'pontos de venda' de segunda a sábado, por volta das 7h da manhã, e seguem no local até a noite.
Em horários de pico, como na entrada e saída das escolas, os pedestres precisam passar formando quase uma fila indiana, visto que em alguns locais, como entre o mercado Assaí e o mercado Mundial (Estrada de Jacarepaguá entre os números 7563 e 7758), só o que resta é um corredor de passagem.
Muitos moradores dizem entender que o problema é agravado pela situação de desemprego no Estado, que deixa pessoas sem ocupação. Muitos dos que não conseguem entrar no mercado de trabalho formal precisam buscar novas formas de sustento, e o comércio irregular muitas vezes pode ser a única opção para alguns cariocas. Mesmo assim, quem vive na região diz que a desordem pode afetar a todos.
Para Marilea Melo, Engenheira Cartógrafa de 64 anos, que vive no bairro há 7 anos, além dos problemas de circulação, que se agravam em dias chuvosos quando, segundo ela, não é possível abrir um guarda-chuva sem esbarrar nas pessoas ou nas barracas, o problema vai além da falta de espaço para circulação.
"A gente olha aquelas fachadas antigas que poderiam estar restauradas, iria ficar uma coisa agradável de se ver, agora mesmo a gente tá lá com aquele Ipê amarelo florido, tá uma coisa tão linda (...) aí além de você não conseguir caminhar pelas calçadas, você olha ao teu redor um ambiente totalmente desorganizado com uma má aparência com descuido, sem nenhum zelo."
Segundo a Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (AMAF), pesquisas feitas para buscar se existem autorizações para comércios ambulantes em diferentes endereços do Largo da Freguesia, via 1746, mostraram que a realidade não reflete o número de autorizações concedidas pela prefeitura.
Veja dos dados disponibilizados pela associação: - Estrada dos Três Rios, 90 (15 autorizações) - Passarela de Jacarepaguá lado Três Rios
- Estrada dos Três Rios, 146 (6 autorizações) - Clube Olímpico
- Estrada dos Três Rios, 62 (nenhuma) - Itaú
- Estrada dos Três Rios, 107 (apenas uma) - prédio perto da Americanas
- Estrada de Jacarepaguá, 7880 (nenhuma) - Passarela de Jacarepaguá lado da Praça Jorge da Costa Pinto
- Estrada de Jacarepaguá, 7709 (nenhuma) - Polo comercial do “Tem Kilo”
- Estrada de Jacarepaguá, 7503 (nenhuma) - Colégio Ícaro
- Estrada de Jacarepaguá, 7563 (nenhuma) - Mundial Freguesia
- Estrada de Jacarepaguá, 7655 (nenhuma) - Unicenter
À Agência Lume, a AMAF informou que já solicita ao poder público um melhor ordenamento urbano do uso das calçadas há muitos anos. Veja a nota completa:
"Diante da recente mudança da gestão da Subprefeitura de Jacarepaguá, reativamos algumas das demandas dos moradores, como a da organização do comércio ambulante no nosso bairro.
Muitos moradores e transeuntes do Largo da Freguesia têm reclamado da falta de um espaço mínimo para andar pelas calçadas e da poluição visual. Confirmamos isso a partir de uma pesquisa ampla nas nossas redes sociais, com o questionamento sobre qual é o tipo de desordem urbana que mais incomoda os moradores, e o resultado principal tem sido o excesso de camelôs no Largo da Freguesia.
Inclusive, pela Lei de Acesso à Informação, descobrimos que muitos desses comerciantes não têm nem autorização pela Prefeitura. Mesmo que esse emprego seja tão necessário a muitas famílias, a Associação solicita a Prefeitura a tomar providências urgentes em prol da coletividade, isto é, melhorar a mobilidade a pé assim como o aspecto visual do centro do nosso bairro, combinando com uma reorganização e padronização das suas barracas.
Aguardamos uma reunião com a nova subprefeita Marli Peçanha para melhor discutir esse e outras temas assim como para apresentar propostas de políticas públicas."
A Agência Lume questionou a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), e a Subprefeitura de Jacarepaguá, quais ações são realizadas no Largo da Freguesia e nas principais vias do bairro com a intenção de fiscalizar e coibir o comércio irregular, também perguntamos se são realizadas ações para fiscalizar lojas que ocupam o espaço da calçada frontal a seus estabelecimentos, e com que frequência a Guarda Municipal atua na região.
Também perguntamos aos órgãos qual era o posicionamento dos mesmos, diante dos pedidos feitos pela AMAF (veja o ofício enviado pela AMAF no fim da reportagem).
A Seop respondeu por meio de nota, onde disse que realiza operações de ordenamento e fiscalização para coibir ambulantes ilegais em toda a cidade, e que só no mês agosto, no Largo da Freguesia, os agentes fiscalizaram 25 ambulantes autorizados, cinco foram multados e quatro notificados.
Veja a nota completa:
"A Secretaria de Ordem Pública realiza Operação de Ordenamento e Fiscalização para coibir ambulantes ilegais em toda a cidade do Rio. Na Freguesia, agentes da SEOP já atuaram diversas vezes retirando de circulação ambulantes não autorizados pela prefeitura, além de fiscalizar os ambulantes autorizados. Só neste mês de agosto, no Largo da Freguesia, os agentes fiscalizaram 25 ambulantes autorizados, cinco foram multados e quatro notificados."
Até o momento da publicação desta reportagem, a Subprefeitura de Jacarepaguá não havia respondido a Agência Lume.
Veja na íntegra o ofício enviado pela AMAF:
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