Projeto pode beneficiar moradores de várias regiões como Freguesia, Rio das Pedras, Anil e Muzema.
No bairro da Freguesia, alguns estabelecimentos já aderiram a campanha imprimindo folhetos e cartazes informativos. O abaixo-assinado divulgado pelos organizadores do movimento alcançou 3 mil assinaturas nesta terça-feira (30/04).
Moradores de diversos bairros de Jacarepaguá estão se engajando na luta pela inclusão do projeto de Linha Transversal do Metrô no Plano Diretor Metroviário do Rio de Janeiro (PDM). A Agência Lume publicou uma matéria sobre o tema no último mês.
A linha proposta ligaria Belford Roxo ao Jardim Oceânico e no caminho passaria por Vilar do Telles, São João de Meriti, Pavuna, Costa Barros, Marechal Hermes, Intendente Magalhães, e pelos seguintes bairros de Jacarepaguá: Vila Valqueire, Praça Seca, Tanque, Taquara, Pechincha, Freguesia, Anil, Jardim Clarice, Rio das Pedras, Muzema e Itanhangá, chegando a Barra da Tijuca.
O movimento que é liderado pelo Grupo de Trabalho de Mobilidade Urbana da AMAF (Associação de Moradores e Amigos da Freguesia), já conta com o apoio de diversas organizações locais.
João Magalhães, integrante do GT de Mobilidade Urbana da AMAF, falou à Agência Lume sobre essa decisão dos moradores de assumir a frente do movimento em prol de melhores opções de transporte:
"O protagonismo dessa luta vem dos moradores que não aguentam mais o colapso do transporte público na região. Como usuário de transporte público, assim como outros moradores da Baixada de Jacarepaguá, sofro tendo que enfrentar percursos de 2/3h para me deslocar pela mesma cidade. Os ônibus e o BRT não dão conta de atender a região mais populosa do Rio, Jacarepaguá.
Já cheguei a enfrentar 5 horas de trânsito na Av. Ayrton Senna, esse mesmo tempo poderia ser usado para chegar até o Estado de São Paulo através das rodovias. Inclusive, São Paulo já possui 6 linhas de metrô. Porque não podemos ter mais linhas aqui?"
Para debater o tema, o movimento criou uma página no Instagram chamada "Cadê o Metrô", e após conseguirem cerca de 3 mil assinaturas no abaixo-assinado online do projeto, os moradores começaram uma campanha pedindo que os comerciantes de Jacarepaguá também se engajem no movimento.
A ideia é que lojas, centros comerciais e demais instituições dos bairros que seriam beneficiados pela linha ajudem a divulgar a informação imprimindo panfletos para distribuição, colando cartazes em locais de grande circulação do público e recebendo o cavalete itinerante do projeto.
Nos últimos dias, pontos de grande circulação do bairro da Freguesia, como a Passarela da Freguesia e o Condomínio Polo Comercial de Jacarepaguá, receberam o material informativo do movimento.
Luciana Avellar, moradora do bairro e criadora da página "Cadê o Metrô", comentou como ao longo do anos o panorama de poucas opções de transporte na região de Jacarepaguá não mudou:
"Quando criança, via meus pais indo trabalhar fora, e eles sempre iam para lugares como Centro ou Zona Sul. Meu pai, com sua artrite dominando sua rotina gradualmente, foi uma pessoa profundamente afetada pela falta de um transporte eficaz e confortável para que ele pudesse se manter trabalhando. Agora, seguindo os passos de meus pais, me vejo na mesma situação: Apesar de na Freguesia termos pelo menos 5 linhas de ônibus que vão para o Centro, ainda demoro mais de 1h para chegar na Candelária."
Para manter as ações de divulgação, como impressão de cartazes, por exemplo, o GT de Mobilidade Urbana decidiu iniciar uma campanha de apoio financeiro. Interessados em ajudar podem doar qualquer valor através do PIX da Associação de Moradores da Freguesia, a chave é o e-mail da instituição: amaf@amafreguesia.org
Além disso, qualquer morador das regiões que seriam atendidas pela linha de metrô, que tenha interesse em participar das discussões e divulgações do projeto pode entrar em contato com o grupo através da página "Cadê o Metrô" no Instagram.
Para moradores como Rafael Gonçalves, integrante do grupo Luta Unificada Metrô, é preciso debater a questão para que novas políticas sejam desenvolvidas:
"A construção de novas linha parece ser um verdadeiro tabu para os governos municipal e estadual. É visto como algo de 'luxo' ou para 'inglês ver', quando em outros cidades e regiões metropolitanas é o meio mais amplamente implementado desde o inicio do século passado.
As maiores cidades do mundo, como São Paulo, Nova Iorque, Xangai, Moscou, Paris e Londres, possuem robustos sistemas de metrô, e são cidades que podem ser comparadas ao Rio de Janeiro por seus tamanhos em área e população.
A pergunta que fica é: Por que, em todas as metrópoles do nível do Rio do mundo, o Metrô é a solução aplicada? Por que aqui ainda parece algo distante e fora da realidade para Prefeitura e Governo Estadual?"