A data foi comemorada na última terça-feira (22/09) e a Lume conversou com ciclistas da região para saber se é possível largar o carro ou o ônibus e ser feliz.
O Dia Mundial Sem Carro foi comemorado na última terça-feira dia 22 de setembro. A data busca incentivar o uso de meios alternativos de deslocamento. Ela foi criada em 1997 por ativistas franceses. Eles decidiram se mobilizar para reduzir problemas causados pelo uso do carro, como o aumento da poluição, gasto com matérias-primas e o trânsito caótico.
Saindo da Europa, o Rio de Janeiro tem uma extensão cicloviária de 460 km, composta por ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas (pista e calçada). A cidade fica em terceiro lugar, perdendo para São Paulo e Brasília, que estão em primeiro e segundo lugar, respectivamente.
Apesar da terceira colocação, ainda estamos muito longe do ideal e os ciclistas da cidade precisam enfrentar diversos desafios no dia-a-dia.
A Lume conversou com alguns moradores da nossa região para entender como é a vida de quem trocou o carro pela bicicleta. Pessoas que decidiram deixar a zona de conforto em busca de uma vida mais saudável.
A economista e guia de turismo Andrezza Lima, mora na Taquara e trabalha na Barra da Tijuca, todo dia ela precisa percorrer 34 km para ir e voltar do trabalho. Ela decidiu usar a bicicleta para ir trabalhar há 7 anos, desde então não parou mais:
"No início eu revezava entre a 'bike' e o carro, mas foi fazendo cada vez menos sentido perder tanto tempo e dinheiro no trânsito, passei a ir de segunda a sexta para o trabalho de 'bike'." A essa altura o carro era um gasto sem sentido, o dinheiro que eu gastaria só com o IPVA e o seguro já cobriria os gastos com Uber no fim de semana e ainda sobraria."
Mas a ciclista alerta para os desafios enfrentados:
"O que faz mais falta é ciclovia. Em alguns trechos, até tem ciclovia, mas é tão deserta que prefiro ir pela rua. Além disso, ter lugares com infra estrutura para banho e guardar a bicicleta com segurança também faria muita diferença."
Ricardo Santos tem 35 anos e é morador da Muzema, todo dia vai pedalando para Copacabana, seu trajeto tem ao todo 20 km, o que faz com que o Ricardo acumule 40 km diários, de segunda a sexta.
Em novembro o motorista profissional vai completar 1 ano sem usar ônibus ou carro para chegar ao trabalho. Quando perguntado sobre voltar a usar outro tipo de transporte, Ricardo diz que nem pensa na possibilidade:
"Nem passa pela cabeça, os benefícios não deixam!"
Sobre o que poderia melhorar na infra estrutura urbana ele enumera diversos fatores:
"Ciclovias, ciclofaixa (feitas da forma certa), muita sinalização com mais cuidado ao ciclista e bom senso de todos os envolvidos. Asfalto sem buracos e bocas de lobo com grade."
Sandra Talarico é psicóloga e instrutora de Yoga, desde de 2012 se desloca pela cidade sobre duas rodas, durante 4 anos fez o trajeto Posto 5 ( praia da Barra da Tijuca) - Península, mas desde 2017 começou a fazer trajetos mais longos como sair da Barra e ir para bairros como Itanhangá, Taquara, Recreio ou Flamengo, neste último fazendo integração com o metrô.
A psicóloga falou sobre a necessidade de se pensar nas integrações como um aspecto do planejamento da mobilidade urbana:
"Integrar transporte ativo com metrô, ônibus, trem, barcas... é necessário. E acaba sendo investimento em saúde pública e meio ambiente também."
"Também uso bicicleta para passear, fazer atividade física, encontrar amigos, ir visitar meus pais, ir ao supermercado ou farmácia."
"Em 2016 descobri que posso viajar de bicicleta. Já fui para outras cidades aqui perto do Rio e já visitei a Argentina e o Chile de bicicleta. Minhas melhores experiências de viagem foram pedalando."
Sandra conta ainda que vendeu seu carro em 2013 com o propósito de nunca mais ter um:
"Claro que ainda uso carro. Mas já desacredito no carro como bem particular. Em geral, alugo carro para determinados tipos de viagens. É ótimo o custo benefício. E tem a diversão de poder sempre experimentar um carro novo se quiser ou precisar."
Os exemplos mostram que é possível conciliar uma vida saudável e ajudar o meio ambiente com a correria do dia-a-dia. Os desafios ainda são muitos, e a estrutura deveria melhorar, mas é muito importante saber que já tem gente dando o primeiro passo na busca por um trânsito melhor.
Commentaires