Segundo os motoristas a segunda parte do salário de janeiro ainda não foi paga, consócio BRT diz que não tem recursos para fazer o pagamento.
Atualizado em 01/02/2021 - 11h25.
Usuários que do sistema BRT Rio não encontraram os ônibus na manhã desta segunda-feira. Desde às 4h da manhã a cidade entrou em estágio de mobilização devido a paralisação dos rodoviários do BRT.
As estações estão lotadas e todos os corredores Transcarioca, Transolímpica e Transoeste estão com o serviços paralisados. Os rodoviários reivindicam o pagamento da segunda parcela dos salários de janeiro.
O consórcio BRT informou que não tem recursos para pagar a segunda parcela dos salários. Já a Rio Ônibus disse que lamenta a paralisação desta manhã, e que e teme que esse movimento de paralisação iniciado nesta manhã no BRT Rio se estenda para todo o setor, o que terá, infelizmente, potencial para impactar fortemente toda a população do Município do Rio.
O prefeito Eduardo Paes, em entrevista ao jornal Bom dia Rio da Rede Globo, fez um apelo para que os rodoviários voltem a circular e negociem com o sistema funcionando. E que a Secretaria Municipal de Transportes vem negociando com os rodoviários, que haverá uma nova reunião hoje a noite para resolver o problema. Eduardo Paes também disse, se referindo aos rodoviários que fazer pressão não vai adiantar.
Veja a nota completa enviada pelo consócio BRT Rio e também a nota enviada pela Rio Ônibus:
Nota BRT:
BRT Rio não tem recursos para pagar a segunda parcela do salário de janeiro e a compra de insumos, como combustível
O setor de transporte de passageiros vem atravessando a sua mais grave crise econômico-financeira no Rio. A Covid-19 veio agravar e acelerar uma realidade que já vinha sendo impactada pelo congelamento da tarifa há dois anos, pela expansão do transporte clandestino por vans e do transporte por meio de aplicativos, pela concessão de gratuidades sem fonte de custeio, entre outros fatores.
O BRT Rio vem trabalhando para honrar com todos os seus compromissos, mas é fato que a pandemia desestruturou por completo o fluxo de caixa da empresa, e o valor arrecadado com as passagens não tem sido suficiente para suportar os custos com a folha de pagamento, principais insumos e impostos.
Diante disso e, mesmo com o grande esforço de seus colaboradores, o BRT Rio vem anunciar publicamente que não tem, infelizmente, recursos para honrar seus próximos compromissos prioritários, como o pagamento da segunda parte do salário de janeiro - em 5 de fevereiro - e a compra de insumos necessários à operação, como combustível, por exemplo.
A situação é resultado direto do agravamento dos impactos da pandemia sobre todo o setor de transportes públicos. Nos primeiros meses da pandemia, o BRT Rio trabalhou com queda de até 75% no número de passageiros. Hoje, 11 meses depois do início do combate à Covid-19, a queda de passageiros está na faixa de 45% em relação ao período anterior à pandemia. A perda de receita entre março de 2020 e janeiro de 2021 atingiu R$ 200 milhões.
Apesar das diversas sinalizações do BRT Rio nos últimos meses sobre o desequilíbrio econômico do sistema, até o momento não houve qualquer ajuda por parte dos governos municipal, estadual e federal para o enfrentamento dos impactos da pandemia.
Em 2020 o BRT Rio aderiu à MP 936, que permitiu a redução de jornada dos colaboradores com reposição de parte do salário pelo Governo Federal. A medida deu um fôlego emergencial à empresa, porém não foi suficiente para conter o desequilíbrio financeiro.
A proposta de pagar a segunda parcela do 13º. salário em cinco vezes, feita em dezembro passado e recusada pela assembleia da categoria, demonstra que as dificuldades financeiras do BRT Rio são recorrentes. Ao mesmo tempo, os recursos obtidos através de empréstimos bancários já se esgotaram.
A partir de acordo assinado com o Sindicato dos Rodoviários do Rio de Janeiro, o BRT Rio adotará, em fevereiro e março, um sistema de rodízio entre seus colaboradores, com a dispensa de até 10 dias e a equivalente redução salarial.
Concomitantemente a essas medidas, o BRT Rio continuará buscando soluções para superar a grave crise financeira.
Nota Rio Ônibus:
O Rio Ônibus lamenta a paralisação do sistema BRT Rio nesta manhã, motivada por piquetes de rodoviários nas portas das garagens, e teme que esse movimento de paralisação iniciado nesta manhã no BRT Rio se estenda para todo o setor, o que terá, infelizmente, potencial para impactar fortemente toda a população do Município do Rio.
O setor de transporte por ônibus da capital fluminense vem alertando desde o início do ano passado para o colapso econômico-financeiro das empresas, mas foi ignorado pelo poder público, que pouco fez ao longo de 2020 ao menos para amenizar a crise.
Congelamento da tarifa há dois anos, a expansão do transporte clandestino, a concessão de gratuidades sem fonte de custeio, a falta de regulamentação sobre o transporte por aplicativos são algumas das razões que levaram o setor a essa situação, além dos impactos da pandemia.
E, infelizmente, não houve até o momento qualquer ajuda do poder público municipal, estadual ou federal para apoiar um setor que transporta mais de 70% da população do Município do Rio.
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