Entre os destaques da maior floresta urbana do mundo, está o Pico da Pedra Branca, o ponto mais alto da cidade do Rio de Janeiro, com 1.025 metros de altitude.
O Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, é uma das maiores florestas urbanas do mundo, com aproximadamente 12.500 hectares de extensão. Instituído em 1974, o parque é um verdadeiro santuário de biodiversidade e um refúgio para os amantes da natureza.
Criado pela Lei Estadual N° 2.377, de 28 de junho de 1974, o PEPB foi estabelecido com o objetivo de preservar a rica biodiversidade da região e proporcionar um espaço de lazer e educação ambiental para a população. Coberto por vegetação da Mata Atlântica, o parque abrange 17 bairros, incluindo Jacarepaguá, Campo Grande, Realengo e Barra da Tijuca.
O professor de Geografia Val Costa, integrante do Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA), explica que, muito antes de ser uma área protegida por lei, o Maciço da Pedra Branca já abrigava vários povos que, ao longo de milhares de anos, deixaram as suas marcas nessa exuberante floresta.
A ocupação do entorno do PEPB iniciou-se há 4 mil anos, com os chamados “povos dos sambaquis”, grupos de caçadores e coletores que se alimentavam das carnes dos animais encontrados nas encostas do maciço.
“No século XVI, a região já era toda habitada pelos índios tupinambás. Para eles, o Morro Dois Irmãos constituía-se em um local sagrado, onde os nativos realizavam rituais de iniciação e sepultamentos. Os tupinambás acreditavam que na floresta do atual PEPB existiam espíritos com poderes mágicos que operavam curas milagrosas”, explica Val.
A História e a Biodiversidade do PEPB
O professor Val Costa também conta que, nos séculos XVII e XVIII, a área do entorno do Maciço da Pedra Branca transformou-se em um imenso canavial. Nessa época, essa região fazia parte do Engenho do Camorim, grande propriedade rural fundada por Gonçalo Correia de Sá. Em 1667, sua filha, D. Vitória, doou estas terras para os monges beneditinos, permanecendo com eles até 1894.
“No início do século XX, a área do atual PEPB foi usada para o plantio de laranjais e para a produção de carvão vegetal. Os carvoeiros e produtores de laranjas eram pequenos posseiros e agricultores independentes. O objetivo era abastecer o crescente centro urbano do Rio de Janeiro”, conta.
Atualmente, a região abriga duas comunidades remanescentes de antigos quilombos que existiram no Maciço da Pedra Branca: Alto Camorim e Cafundá Astrogilda. Ambas são certificadas pela Fundação Cultural Palmares e, ainda hoje, possuem moradores que vivem da agricultura familiar, cultivando diversos alimentos, tais como aipim, inhame, banana, limão, alface e abóbora.
O parque oferece uma variedade de atrações para os visitantes. Entre os destaques estão as trilhas que levam a pontos de vista espetaculares, como o Pico da Pedra Branca, o ponto mais alto da cidade do Rio de Janeiro, com 1.025 metros de altitude. Com seus 12.393,84 hectares, o parque engloba 16% da área do município do Rio de Janeiro, sendo considerada a maior floresta urbana tropical do mundo.
Segundo o Guia de Trilhas do PEPB de 2013, foram identificadas 43 espécies de peixes, 20 de anfíbios, 27 de répteis, 338 de aves e 51 de mamíferos. O parque também tem cerca de 900 espécies de plantas. O seu relevo é formado por um conjunto de rochas graníticas e gnáissicas, com composições, idades e estruturas variadas.
Outras atrações incluem a Cachoeira do Barata, ideal para um banho refrescante, e o Açude do Camorim, que oferece uma bela paisagem ao longo de uma trilha de aproximadamente 4 km.
Juliana Fernandes, ambientalista, frequentadora do PEPB e integrante da Associação de Moradores da Freguesia (AMAF), explica que o parque é um espaço essencial para a região, assim como qualquer outro parque estadual.
Ele atua como um drenante natural para as águas da chuva. A água da chuva é absorvida pelo solo e, devido à abundante vegetação, é retida, ajudando a evitar enchentes. Além disso, o parque contribui para um clima mais ameno na região.
“O Parque Estadual da Pedra Branca, a maior floresta urbana do mundo, tem um efeito calmante nas pessoas e é crucial para a conservação dos recursos hídricos do Rio de Janeiro. Ele abriga uma grande biodiversidade e oferece um habitat vital para várias espécies. Além disso, ajuda a prevenir enchentes na região de Jacarepaguá e melhora a qualidade do ar e o clima na Zona Oeste da cidade”, explica.
Importância Ambiental e os Desafios
O PEPB é essencial para a preservação ambiental do Rio de Janeiro, oferecendo lazer e recreação, além de manter o equilíbrio ecológico, proteger recursos hídricos e mitigar mudanças climáticas.
Apesar de enfrentar desafios como a pressão urbana e a necessidade de recursos, a administração do parque, ONGs e a comunidade local trabalham continuamente para sua proteção e conservação.
Juliana relata que existe um corpo específico para fiscalizar o parque, mas o efetivo é insuficiente em relação ao seu tamanho. Ela explica que deveria ter mais brigadistas, pois há regiões, especialmente na parte norte, que pegam fogo com frequência todos os anos.
“É importante que houvesse mais investimento do poder público nesses parques, já que ele é a maior floresta urbana do mundo. Acho que falta um pouco de investimento do governo do estado dentro do parque, porque isso poderia coibir práticas como a caça. Uma vez eu estava na parte ali perto de Guaratiba, na Barra de Guaratiba, porque o parque vai até o mar. Eu estava de noite em um condomínio próximo à floresta e consegui ouvir muito barulho de caçadores na floresta, tiros e essas coisas. Isso também é muito perigoso para as pessoas, porque não sabemos exatamente quais os caminhos e trilhas que esses caçadores utilizam. Eles armam armadilhas com trabucos, e um trabuco pode matar uma criança que esteja passando. Então, realmente, essas práticas perigosas que ocorrem lá dentro poderiam ser coibidas”, relata
Visitação
O Parque Estadual da Pedra Branca está aberto ao público de terça a domingo, das 8h às 17h. A entrada é gratuita, e o parque oferece infraestrutura para receber visitantes de todas as idades, incluindo áreas de lazer, trilhas sinalizadas e centros de visitantes com exposições permanentes.
O acesso principal é o da sede, localizada na Estrada do Pau da Fome, 4003 – Taquara. Há outras entradas que incluem a Subsede do Camorim, no fim da Estrada do Camorim, e a Subsede do Piraquara, no fim da Rua do Governo, em Realengo. Para mais informações acesse a página do Parque Estadual da Pedra Branca pelo site da Riotur aqui.
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