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Foto do escritorFelipe Migliani

Fake News nas Favelas: A nova epidemia segundo pesquisa do Data Favela

Na imagem podemos ver um jovem navegando no celular.

Pesquisa entrevistou 1.557 pessoas, residentes em 127 cidades brasileiras. Os resultados mostraram que 89% dos moradores das periferias jĂĄ foram vĂ­timas de notĂ­cias falsas.

 

Em julho deste ano, uma pesquisa recente do Instituto Data Favela revelou um cenårio alarmante sobre a disseminação de fake news nas favelas e periferias do Brasil. O estudo, intitulado "Fake News: a epidemia que invade as periferias", foi apresentado no Expo Favela Innovation em São Paulo e trouxe dados preocupantes sobre o impacto da desinformação nessas comunidades.

 
 

A pesquisa entrevistou 1.557 homens e mulheres acima de 16 anos, residentes em 127 cidades brasileiras. Os resultados mostraram que 89% dos moradores das periferias jå foram vítimas de fake news, o que representa cerca de 94 milhÔes de pessoas. Entre os principais temas de desinformação estão:


  • Venda de produtos ou serviços (65%)

  • PolĂ­ticas pĂșblicas como educação, saĂșde e vacinação (64%)

  • InformaçÔes sobre economia e impostos (58%)

  • Segurança pĂșblica e leis (52%)

  • QuestĂ”es ambientais, de ciĂȘncia ou educação (49%)


Essas informaçÔes falsas podem levar a consequĂȘncias graves, como a eleição de polĂ­ticos inadequados, a criação de pĂąnico sobre segurança e a perda de direitos por parte dos moradores. AlĂ©m disso, a desinformação pode dificultar o acesso a serviços pĂșblicos essenciais, como saĂșde e educação, e prejudicar a confiança em programas governamentais.


“A desinformação circula no territĂłrio com a confiabilidade de quem conhece, pois quem compartilha dentro do grupo Ă© uma pessoa prĂłxima, como um vizinho ou parente. Isso aumenta a chance de a desinformação ser aceita como verdade e enganar as pessoas, jĂĄ que quem distribui Ă© alguĂ©m conhecido. Nem sempre essa pessoa tem a intenção de enganar, mas a informação do territĂłrio tem um rosto e uma confiança que vĂȘm das pessoas conhecidas”, explica Sanara Santos, diretora de formação da Énois e coordenadora do projeto Diversidade nas RedaçÔes. 


As ConsequĂȘncias das fake news nas favelas

A disseminação de fake news é facilitada pelo uso massivo de redes sociais e aplicativos de mensagens. Em muitas favelas, onde o acesso à informação de qualidade é limitado, essas plataformas se tornam as principais fontes de notícias. No entanto, a falta de verificação e a råpida propagação de informaçÔes falsas tornam essas comunidades particularmente vulneråveis.

 
 

As consequĂȘncias das fake news sĂŁo diversas e afetam diretamente a vida dos moradores das favelas. A pesquisa aponta que 25% dos entrevistados apontaram que as fake news podem eleger maus polĂ­ticos, enquanto 23% acreditam que podem ferir a reputação de alguĂ©m e 15% identificam a criação de pĂąnico sobre segurança como um dos principais riscos. Aqui estĂŁo algumas das principais consequĂȘncias:


1. Desconfiança nas InstituiçÔes

A disseminação de informaçÔes falsas pode gerar desconfiança em relação Ă s instituiçÔes pĂșblicas e privadas. Por exemplo, fake news sobre vacinas podem levar Ă  hesitação vacinal, comprometendo campanhas de saĂșde pĂșblica e aumentando a vulnerabilidade a doenças.


2. Impacto na Segurança PĂșblica

InformaçÔes falsas sobre crimes ou operaçÔes policiais podem gerar pùnico e insegurança. Isso pode levar a reaçÔes exageradas ou até mesmo a conflitos entre moradores e forças de segurança.


3. PrejuĂ­zos econĂŽmicos

Fake news sobre produtos e serviços podem prejudicar pequenos comerciantes e empreendedores locais. InformaçÔes falsas sobre a qualidade ou segurança de produtos podem afastar clientes e reduzir a renda dessas famílias.


4. InfluĂȘncia polĂ­tica

A desinformação pode influenciar o comportamento eleitoral, levando à eleição de candidatos que não representam os interesses das comunidades. Isso perpetua ciclos de exclusão e falta de representatividade política.


5. Estigmatização e preconceito

Fake news muitas vezes reforçam estereótipos negativos sobre as favelas e periferias, perpetuando preconceitos e discriminação. Isso pode afetar a autoestima dos moradores e dificultar a integração social.


6. Dificuldade de acesso a serviços

InformaçÔes falsas sobre serviços pĂșblicos, como saĂșde e educação, podem levar os moradores a evitar ou nĂŁo confiar nesses serviços. Isso compromete o acesso a direitos bĂĄsicos e agrava a vulnerabilidade social.


7. Desinformação sobre direitos

Fake news podem distorcer informaçÔes sobre direitos trabalhistas, previdenciårios e sociais, levando os moradores a tomar decisÔes prejudiciais ou a não reivindicar seus direitos adequadamente.


"É crucial combater a desinformação onde ela tem mais efeito: na decisĂŁo de quem colocamos no poder para tomar decisĂ”es sobre nosso estado. Essa proximidade com o territĂłrio sĂł pode ser alcançada por veĂ­culos locais, que conhecem bem a ĂĄrea e as pessoas. Outros veĂ­culos nĂŁo conseguem fazer isso da mesma forma. Cobrir as eleiçÔes municipais fortalece o jornalismo local e independente, que atua dentro das periferias do Brasil", explica Sanara.


AgĂȘncia Lume participarĂĄ de Rede Nacional de checagem das EleiçÔes Municipais de 2024

A AgĂȘncia Lume participarĂĄ do programa “Diversidade nas RedaçÔes - Desinformação e EleiçÔes”, promovido pelo LaboratĂłrio Énois e com patrocĂ­nio da Google News Initiative. O programa visa construir uma Rede nacional de jornalismo local para a checagem das EleiçÔes Municipais de 2024. E contarĂĄ com o apoio da AgĂȘncia Lupa, AgĂȘncia Tatu, do Desinformante e do Reocupa.

 

 

O Diversidade nas RedaçÔes Ă© um programa de treinamento da Énois, que tem como objetivo o fortalecimento institucional e financeiro de redaçÔes jornalĂ­sticas, por meio do impulsionamento da diversidade de gĂȘnero, raça e territĂłrio.


O foco na temåtica da desinformação e eleiçÔes, com checagem de notícias falsas veiculadas por Whatsapp,  marca o terceiro ciclo do programa que traz um diferencial na distribuição de recursos para as organizaçÔes envolvidas.


"A AgĂȘncia Lume aceitou com muita alegria o convite da Énois para participar do DR3. Acreditamos na importĂąncia da checagem de fatos e da informação como principal pilar para eleiçÔes mais justas, limpas e seguras. Hoje, entendemos tambĂ©m que alĂ©m de checar e entregar essas notĂ­cias de qualidade, precisamos criar uma rede de pessoas que tenham esse mesmo compromisso, e as formaçÔes sĂŁo uma oportunidade perfeita para isso. Estamos muito animados e tambĂ©m preparando muitos conteĂșdos para esse perĂ­odo tĂŁo importante para a nossa democracia", conta Douglas Teixeira, co-fundador da AgĂȘncia Lume.


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