O Programa “Diversidade nas Redações” do Laboratório Énois visa criar uma rede nacional de jornalismo local para checagem nas eleições municipais de 2024.
A Agência Lume participará do programa “Diversidade nas Redações - Desinformação e Eleições”, promovido pelo Laboratório Énois e com patrocínio da Google News Initiative. O programa visa construir uma Rede nacional de jornalismo local para a checagem das Eleições Municipais de 2024. E contará com o apoio da Agência Lupa, Agência Tatu, do Desinformante e do Reocupa.
O Diversidade nas Redações é um programa de treinamento da Énois, que tem como objetivo o fortalecimento institucional e financeiro de redações jornalísticas, por meio do impulsionamento da diversidade de gênero, raça e território.
O foco na temática da desinformação e eleições, com checagem de notícias falsas veiculadas por Whatsapp, marca o terceiro ciclo do programa que traz um diferencial na distribuição de recursos para as organizações envolvidas.
Além da Agência Lume, participarão do programa as seguintes organizações: Carta Amazônia (PA), Carrapicho Virtual (BA), Com_Texto (MT), Correio do Lavrado (RR), Olhos Jornalismo (AL), Nonada Jornalismo (RS), Teatrine TV (MS), Transmídia (SP) e Sul21 (RS).
"A Agência Lume aceitou com muita alegria o convite da Énois para participar do DR3. Acreditamos na importância da checagem de fatos e da informação como principal pilar para eleições mais justas, limpas e seguras. Hoje, entendemos também que além de checar e entregar essas notícias de qualidade, precisamos criar uma rede de pessoas que tenham esse mesmo compromisso, e as formações são uma oportunidade perfeita para isso. Estamos muito animados e também preparando muitos conteúdos para esse período tão importante para a nossa democracia", conta Douglas Teixeira, co-fundador da Agência Lume.
Sobre o Programa
Após o período de formação nos territórios do projeto, a fase de checagem será iniciada em 29 de agosto. Cada organização irá mapear grupos de Whatsapp que circulam em seus territórios, espaços em que podem circular desinformação. A partir desse mapeamento, elas devem identificar notícias falsas ligadas com o contexto eleitoral.
A metodologia utilizada é a do Checazap, primeiro projeto de checagens de notícias a atuar dentro do WhatsApp no Brasil, desenvolvido pela Escola de Jornalismo da Énois e o Data_Labe. E, para além das checagens, também serão produzidas matérias colaborativas com os territórios, diante das suas especificidades quando o assunto é desinformação.
A ideia do programa é articular a distribuição de checagens e matérias jornalísticas. Assim como eventos de debates sobre desinformação e territórios, com artistas, lideranças comunitárias, influenciadores e influenciadoras digitais nas comunidades, no pós eleições. As checagens e matérias, assim como mais informações sobre o Diversidade nas Redações - Desinformação e Eleições poderão ser conferidas nos sites e nas redes sociais da Énois Laboratório de Jornalismo e das organizações parceiras.
Para Sanara Santos, diretora de formação da Énois e coordenadora do projeto Diversidade nas Redações, fazer uma cobertura voltada para o município é importante nas eleições porque combate a desinformação que circula de uma forma muito familiar para as pessoas. Sanara também explica que cobrir as eleições e fazer checagens este ano é crucial para combater a desinformação onde ela tem mais efeito: na decisão de quem colocamos no poder para tomar decisões sobre nosso estado.
"Essa proximidade com o território só pode ser alcançada por veículos locais, que conhecem bem a área e as pessoas. Outros veículos não conseguem fazer isso da mesma forma. Cobrir as eleições municipais também fortalece o jornalismo local e independente, que atua dentro das periferias do Brasil", explica.
94 milhões de pessoas já foram impactadas por fake news
A desinformação e as fake news são problemas que afetam profundamente as favelas e periferias do Brasil. Uma pesquisa recente do instituto Data Favela revelou que 89% dos moradores dessas áreas já foram vítimas de notícias falsas, impactando cerca de 94 milhões de pessoas.
Esse fenômeno não apenas distorce a realidade, mas também reforça estigmas negativos e atrasa o desenvolvimento econômico e social dessas comunidades. As fake news nas periferias abrangem uma variedade de temas, desde políticas públicas até produtos à venda. Segundo a pesquisa, os principais tópicos de desinformação incluem:
Venda de produtos ou serviços (65%)
Políticas públicas como educação, saúde e vacinação (64%)
Informações sobre economia e impostos (58%)
Segurança pública e leis (52%)
Questões ambientais, de ciência ou educação (49%)
A disseminação de fake news é facilitada pelo uso massivo de redes sociais e aplicativos de mensagens. Em muitas favelas, onde o acesso à informação de qualidade é limitado, essas plataformas se tornam as principais fontes de notícias. No entanto, a falta de verificação e a rápida propagação de informações falsas tornam essas comunidades particularmente vulneráveis.
"A desinformação circula no território com a confiabilidade de quem conhece, pois quem compartilha dentro do grupo é uma pessoa próxima, como um vizinho ou parente. Isso aumenta a chance de a desinformação ser aceita como verdade e enganar as pessoas, já que quem distribui é alguém conhecido. Nem sempre essa pessoa tem a intenção de enganar, mas a informação do território tem um rosto e uma confiabilidade que vêm das pessoas conhecidas", explica Sanara.
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