EDI Emília Maria Vieira de Oliveira comemora 12 anos com palestra e exposição de trabalhos em Rio das Pedras
- Fernanda Calé
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Unidade reforçou identidade racial e legado de sua patrona em comemoração que reuniu estudantes, seus familiares e especialistas no tema racial.
Na última sexta-feira (29/08), o Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Emília Maria Vieira de Oliveira comemorou seu 12º aniversário com uma programação especial que reuniu estudantes, responsáveis e convidados na comunidade de Rio das Pedras. O evento principal foi a palestra “Mergulho Ancestral”, que abordou temas como negritude, racismo estrutural e colorismo, com participação ativa dos presentes.
A palestra foi ministrada por Felipe Barbosa, coordenador da EBN Maritime na Shell e um dos fundadores da rede de equidade racial B-Power, e Leandro Pinheiro, gerente de contratos de pesquisa e desenvolvimento na Shell. Felipe destacou a importância do diálogo:
“Foi muito rica a troca, teve muita participação dos pais querendo entender essa questão de autodeclaração, mas também de entender o que pautava a negritude, não só para eles, mas para os filhos também e foi uma troca muito enriquecedora. A gente ficou muito feliz.”
Já Leandro acrescentou: “Nós tivemos a presença de vários pais para poder ter uma discussão riquíssima sobre ancestralidade, também falar um pouquinho sobre representatividade, também como o racismo acaba acaba afetando as relações no dia-a-dia."
Após a palestra, todos os participantes foram convidados a prestigiar os trabalhos realizados pelas crianças em comemoração ao aniversário da unidade escolar. A diretora do EDI, Amanda Real, afirmou a relevância da escola para a comunidade local:
"Hoje é um dia muito especial para todos nós, porque é a comemoração do 12º aniversário da nossa escola. Nós tivemos um dia recheado de memórias, histórias e muitas contribuições.
Hoje nós gostaríamos de ressaltar, principalmente, a importância da escola para a comunidade local. [...] ter o Emília Maria de portas abertas é um momento muito importante, principalmente para essa troca, para conscientizar nossas famílias e assim também impactar o nosso território dessa importância da escola para a comunidade. Nós sempre, ressaltamos que assim como a clínica da família e outros serviços são importantes para a comunidade, a escola também é um espaço de construção, de formação e conhecimento.
Nós também trouxemos toda representatividade. Emília Maria foi uma professora, uma mulher negra nordestina, recheada de memórias e muita significativa para a nossa escola, o nosso território."

A diretora adjunta, Michele Gomes, ressaltou o trabalho de valorização da identidade racial: "Hoje nós culminamos o mês de agosto, um mês de celebração no mês da primeira infância, celebração também do aniversário da escola, encerramos com uma palestra muito especial com o tema mergulho ancestral. Eu acho que o trabalho com esse tema vai ao longo do ano, permeando o nosso o nosso currículo, o nosso projeto e o que a gente quer trazer tanto para as crianças, tanto para as famílias essa questão de um desenvolvimento de uma identidade racial positiva"
Quem foi Emília Maria Vieira de Oliveira
O EDI Emília Maria Vieira de Oliveira, inaugurado em 21 de agosto de 2013, foi nomeado em homenagem a uma mulher de força e determinação nascida em 1944 em São Félix, no Recôncavo Baiano. Filha de retirante, Emília Maria cresceu no Rio de Janeiro, onde sua mãe Martinha residiu com a família, primeiro em Nova Iguaçu e depois no Morro do Capitão Meneses, bairro da Praça Seca.
Desde criança, Emília demonstrou paixão pela educação, dando aulas ainda aos sete anos para vizinhos, e dedicando sua vida ao magistério, concluindo seus estudos no Instituto de Educação Carmela Dutra em 1970. Apesar dos desafios pessoais, como perder a visão e se aposentar por invalidez, Emília Maria manteve seu amor pela educação até sua morte em 2006.
Na ocasião da inauguração da unidade escolar, no ano de 2013, a filha de Emília Maria, a também professora Emília Vieira de Oliveira, agradeceu a homenagem: “Minha mãe era nordestina e veio para o Rio com 6 anos. Sempre moramos aqui nessa região, que também abriga muitos outros nordestinos. Infelizmente ela faleceu em 2006. Mas deixa um legado. Seu sonho sempre foi ser professora e dedicou sua vida à educação. É um orgulho muito grande saber que seu nome será referência aqui no bairro e que batiza um espaço voltado para o desenvolvimento e futuro de muitas crianças."
A celebração reforça não apenas o aniversário da escola, mas sobretudo o compromisso com a valorização cultural, racial e educacional da região.