Organizações defendem protagonismo da saúde básica para dar visibilidade ao tratamento precoce da doença. Confira:
Nesta sexta-feira (14), é o Dia Mundial da Doença de Chagas, data que busca chamar atenção da população para o diagnóstico da doença, que mata cerca de 12 mil pessoas por ano, na América Latina.
Chagas é uma Doença Tropical Negligenciada (DTN) de alcance global, mas que afeta principalmente as populações vulneráveis da América Latina, onde estima-se que apenas 10% de seus portadores sabem de sua condição e só 1% recebe tratamento.
Para tentar reverter essa situação de desconhecimento e a falta de cuidados e diagnósticos aos pacientes, um grupo de organizações se uniu nesse dia 14 de abril para chamar atenção para a necessidade de integrar o atendimento de pacientes à Atenção Primária de Saúde.
Os afetados desenvolvem sérias complicações, principalmente no coração e no sistema digestivo. Mesmo diante de um cenário comum a outras DTNs, de pouco investimento em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, há tratamentos disponíveis que permitem controlar e até mesmo curar a doença, se ela for diagnosticada cedo, em sua etapa inicial.
Atualmente, só existem cuidados para pacientes diagnosticados em centros especializados, que ficam distantes de seus locais de moradia. Na maioria dos casos, eles precisam viajar para conseguir o tratamento.
Se devidamente implantada, a integração permitirá que uma pessoa com Chagas tenha sua condição detectada no nível mais elementar de atendimento, que no Brasil é realizado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), passando a ter acesso a diagnóstico a tempo, tratamento da doença e acompanhamento em estruturas de saúde perto dos lares dos pacientes, trazendo benefícios importantes, incluindo a prevenção da transmissão vertical, aquela que pode acontecer durante a gravidez ou parto.
Sergio Sosa-Estani, Diretor Executivo da DNDi na América Latina afirma que a única chance de retirar do esquecimento milhões de pessoas, é a implementação de metas e incentivos para notificação, controle e eliminação da doença a partir da atenção primária de saúde, apoiada em Linhas de Cuidado que fortaleçam uma atenção descentralizada.
“É necessário garantir atendimento para todos em todo o país, e só será possível alcançar esse objetivo com a capacitação adequada dos profissionais de saúde e trazendo o atendimento para a ponta”, afirma Clara Alves, especialista de advocacy e assuntos humanitários do Médicos Sem Fronteiras (MSF).
Para marcar o Dia Mundial da Doença de Chagas, o Ministério da Saúde por meio do GT Chagas, realizará um evento internacional em Brasília, onde ocorrerão duas mesas de debate: uma sobre a importância da inserção da doença na atenção primária e outra para tratar sobre os avanços na prevenção das diversas formas de transmissão. Para acompanhar os debates, é necessário se cadastrar no site.
Fonte: MSF