Grupo formado em 2007 tem como missão salvaguardar o patrimônio material e imaterial da Baixada de Jacarepaguá.
Você já se perguntou sobre a história da nossa região? Já tentou imaginar como era Jacarepaguá nos tempos coloniais? Quem foram os primeiros moradores? Da onde surgiram os nomes dos bairros que compõem a Baixada de Jacarepaguá? Existiam indígenas aqui?
Muitas vezes, em rápidas buscas na internet, não conseguimos entender a riqueza e a complexidade histórica e geográfica do lugar onde moramos. Durante o nosso corrido dia a dia, podemos até achar que esse tipo de informação não é tão importante. Mas você já se confundiu ao explicar que mora no bairro da Freguesia, em Jacarepaguá, ou em Rio das Pedras, no bairro de Jacarepaguá? Freguesia é um Sub-bairro? E de onde vêm esses nomes?
Se você que mora na região não conhece a rica história e a divisão geográfica dessa baixada tão importante (isso mesmo, vivemos em uma baixada), como esperar que outras pessoas reconheçam e entendam o lugar onde moramos?
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Em busca de respostas para muitas dessas perguntas, e numa jornada para trazer a você leitor, conteúdos que mostrem como é rica a nossa identidade local, a Agência Lume encontrou um lindo e importante trabalho, que é feito por profissionais das áreas de História, Geografia e Sociologia, que estão lutando para salvaguardar a História da Baixada de Jacarepaguá.
O Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá, o IHBAJA, existe há 14 anos com a missão de contribuir com ações para salvaguardar o patrimônio material e imaterial da Baixada em questão. Região que possuí o segundo maior acervo arquitetônico do Rio de Janeiro colonial, a maior floresta urbana do mundo e uma rica herança cultural africana e tupi-guarani.
Linhas de pesquisa
Atualmente, existem duas linhas de pesquisa no Instituto, uma é sobre o período Colonial-Imperial e uma segunda sobre História Contemporânea. Nessas pesquisas, o IHBAJA traz informações sobre a ocupação humana, a formação territorial, a História, as culturas indígenas e afrodescendentes, a estrutura fundiária, o uso do solo urbano, as políticas públicas de atenção à saúde mental e as análises sobre os movimentos sociais locais.
Linha do tempo do IHBAJA
Um trabalho tão rico exige tempo e comprometimento dos envolvidos, e o IHBAJA já passou por três diferentes momentos desde a sua formação. Isso foi necessário para que o Instituto estivesse sempre adaptado às mudanças do tempo, da sociedade e dos integrantes.
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Em sua primeira formação, o IHBAJA ainda não tinha seu atual nome e se chamava IHJA. Esse período foi de 2007 até 2009, e tinha uma perspectiva voltada para o turismo histórico. Faziam parte do grupo Michel Carneiro (então diretor presidente), Lívia Carvalho (então diretora vice-presidente), Aline Vieira (diretora secretária) e Shirlei Borges (diretor tesoureiro).
Em 2008 Heluana Macêdo e Renato Dória ingressam no grupo e em 2009 o IHJA passa pela sua primeira mudança, entrando na sua segunda formação que durou até 2011. O Instituto passava então a se dedicar mais às atividades de pesquisa e divulgação científica sobre a História, o patrimônio e a cultura da Baixada de Jacarepaguá.
Seus membros nesta fase eram Heluana Macêdo (coordenadora geral), Elaine Jaisen (coordenação de projetos), Adriana Caetano (coordenadora de estudos sobre a Baixada de Jacarepaguá), Jovian Vianna (coordenador de atividades), Luís Nicácio (responsável por projetos ambientais), Pedro Chaves (responsável por projetos especiais) e Renato Dória (coordenador de articulação política).
No ano de 2011 o grupo passa pela terceira formação, quando é refundado por Renato Dória e Val Costa e passa a desenvolver projetos de pesquisa e pedagógicos em parceria com movimentos sociais que atuam na Baixada de Jacarepaguá e instituições de ensino e pesquisa da região. Além disso, passou a se chamar Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá (IHBAJA) e integram o grupo nesse momento como membros militantes Renato Dória, Val Costa, Janis Cassilia e Leonardo Santos.
Nesta formação, o IHBAJA recebeu uma Moção de Louvor e Reconhecimento pelos serviços prestados nas áreas de pesquisa, preservação e divulgação da História Local do Vereador Leonel Brizola Neto, no ano de 2016.
No ano de 2017, recebeu o Prêmio Miriam Mendonça de Cultura em reconhecimento pelo seu trabalho de pesquisa e divulgação do patrimônio material e imaterial da Baixada de Jacarepaguá. Essa foi a formação mais longeva do grupo, mudando pela última vez em 2018 com a entrada de Júlio Dória, João Magalhães e Myriam Romi.
A Agência Lume conversou com Renato Dória, Val Costa e Janis Cassilia que falaram um pouco sobre o Instituto e sobre a trajetória deles no coletivo. Val Costa, que é geógrafo* ressaltou o importante processo de resgate histórico feito pelo IHBAJA:
"Nós acreditamos num processo de resgate histórico que tem por obrigação dar voz aqueles que historicamente sempre foram excluídos, por isso nós nos aproximamos dos movimentos quilombolas, nós nos aproximamos dos movimentos de luta contra as remoções, de movimentos de resgate das culturas nativas indígenas.
Então o IHBAJA ele tem também dentro do seu cerne todo esse histórico de luta, de militância junto aos movimentos sociais, um processo de construção coletiva, a gente sempre prima muito por isso, pela questão da horizontalidade."
Para a historiadora Janis Cassilia, o IHBAJA também traz para si a importante função de trazer conteúdos que já são estudados nas universidades para a população que muitas vezes não tem acesso a esse conhecimento:
"...as nossas pesquisas não estão baseadas no achismo, a gente tem todo um trabalho acadêmico que muitas vezes fica numa academia e que não chega para a população então a gente também tem esse trabalho de divulgar toda essa pesquisa histórica e sociológica que tá lá nos meios acadêmicos, porque Jacarepaguá é tema de várias áreas de pesquisa e que você tem trabalhos que são publicados em revistas internacionais e que não chegam para a população em geral."
Janis também lembra da importância de recontar a história da região como um movimento de identificação com a cultura local:
"A gente tem um processo recente dos últimos 20 anos, de uma transformação dos moradores que não tem uma identificação com o local, e a gente preza por tudo isso, para além de trazer voz aqueles que em geral são os excluídos, são silenciados pela História Oficial, também trazer a importância da história para o patrimônio como um movimento de identificação local e também da História Local"
Renato Dória, que também é historiador, lembrou da atuação do grupo na comunicação popular e também de outras atividades desenvolvidas pelos Instituto, como a Caminhada Eco-histórica:
"Nós nos organizamos em diversas frentes de trabalho para divulgar as pesquisas e estudos que nós realizamos, então um dos trabalhos que nós realizamos é de comunicação popular com a parceria junto ao jornal Abaixo Assinado de Jacarepaguá e também temos os nossos próprios materiais, onde divulgamos as nossas pesquisas, o nosso boletim informativo. Também divulgamos as nossas pesquisas por meio de outras atividades que realizamos, como a caminhada Eco-histórica."
Onde encontrar o IHBAJA?
Ao conversar com os membros do IHBAJA, a equipe da Agência Lume aproveitou para tirar várias dúvidas que sempre apareciam quando falávamos sobre a nossa região, mas esse não foi um privilégio cedido apenas a nossa equipe.
Se você ficou curioso e ainda não tem as respostas para as perguntas que citamos no início desta reportagem, não tem problema. Basta procurar pelo Instituto na Internet. O IHBAJA está no Facebook, no Instagram e ainda tem um Blog onde são colocadas diversas informações e curiosidades sobre a Baixada de Jacarepaguá.
Para encontrá-los, basta clicar nos links a seguir:
Facebook: https://www.facebook.com/ihbaja
Instagram: https://www.instagram.com/ihbaja/
Email: ihbaja@gmail.com
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