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Foto do escritorAgência Lume

Rodrigo Amorim diz que é contra a municipalização de hospitais federais

Na imagem podemos ver o candidato do União Brasil, Rodrigo Amorim sorrindo.
Foto: Divulgação.

Leia a entrevista completa da Agência Lume com o candidato à prefeitura pelo União Brasil.

Por: Fernanda Calé e Wellington Melo.

 

A semana de entrevistas da Agência Lume aos candidatos à prefeitura do Rio se encerra nesta terça-feira (17/09). E para finalizar publicamos a entrevista completa realizada com Rodrigo Amorim, candidato à prefeitura pelo União Brasil.


Seguindo as regras das sabatinas realizadas pela Lume, as entrevistas não realizadas via vídeo chamada, por motivos de incompatibilidade de agendas, são últimas a serem publicadas.

 
 

Nossos jornalistas enviaram ao candidato perguntas abordando temas importantes para a região de Jacarepaguá como: saúde, infraestrutura, educação, transporte, habitação e mudanças climáticas.

 

Veja a entrevista completa abaixo:


Agência Lume:  Existem alguns bairros que não possuem clínica da família; os bairros da Freguesia e Pechincha são exemplos. Se eleito, pretende expandir a estratégia de saúde da família para que possa contemplar todos os bairros da cidade?


Rodrigo Amorim: Eu sempre digo que o município é o responsável pelo primeiro atendimento em saúde, pela atenção primária. E é inadmissível que bairros essencialmente residenciais como Freguesia e Pechincha não tenham o atendimento tão básico como o do Médico de Família. Este é um trabalho minucioso, que vai levar algum tempo, penso em dois anos, que é o de fazer o levantamento completo das áreas mais necessitadas e implantar onde não tem. Começar do zero. Reconhecer que a herança deixada será zero.


Agência Lume: Uma demanda crescente na região de Rio das Pedras, Anil e Freguesia é a de atendimentos de emergência. Moradores de diversos bairros reclamam da dificuldade de chegar às unidades de emergência disponíveis, tais como CER Barra (no Hospital Lourenço Jorge) e as UPAS da Cidade de Deus e da Taquara. Se eleito, pretende expandir o número de unidades municipais de emergência na região? 


Rodrigo Amorim: Seria fácil dizer que vamos aumentar o número de unidades, mas também seria precipitado. Primeiro precisamos avaliar quais são as dificuldades de acesso. Para quem mora na Freguesia, está bem claro que utilizar a Barra e mesmo a da Cidade de Deus é mais difícil, a primeira pela distância e dificuldade natural dos meios de transporte, a segunda por ser em uma área de constantes conflitos. Nós pensamos muito no conceito de superclínicas para as regiões, que tenham alta capacidade de atendimento, a fim de resolver essas demandas. E claro, teria de ser em uma área de acesso fácil e seguro. E em uma das vias principais, como a Estrada dos Três Rios, a Geremário Dantas ou a Gabinal. Então é preciso avaliar custo-benefício: uma grande unidade de saúde ou várias pequenas? Espero que em três meses nós já tenhamos todos os relatórios de impacto.


Agência Lume:Qual é a sua opinião sobre a municipalização de hospitais federais? No bairro da Freguesia, por exemplo, temos o  Hospital Federal Cardoso Fontes. Você é a favor de que o município assuma a responsabilidade por essa unidade de saúde?


Rodrigo Amorim:  De forma alguma. Quem tem que assumir a responsabilidade é a União; evidentemente que como prefeito não serei bélico na questão da saúde e poderemos propor parcerias, sempre. Mas o Rio pode, deve e merece exigir um maior investimento do governo federal nessas unidades.


Agência Lume: A falta de vagas em creches é um grande problema na região de Jacarepaguá. Muitas mães precisam deixar de trabalhar para tomar conta dos filhos. Se eleito, como pretende combater o déficit de vagas de creches?


Rodrigo Amorim:  Novamente é questão de avaliar custo-benefício. O que sai mais rapidamente? Criar um sistema em que a prefeitura abra vagas públicas na rede privada, possibilitando que as famílias coloquem lá seus filhos, ou criar suas próprias unidades? Veja que não se trata aqui apenas de dinheiro. É claro que é mais barato criar vouchers e a população usar as creches privadas. Mas antes de propor essas soluções “simples” é importante avaliar os fatores: afinal, há tantas vagas privadas assim? Qual a demanda exata da região? E o custo, compensa? E se tivermos grandes creches atendendo a região, a longo prazo não compensa, não digo financeiramente, mas em termos de atender as pessoas? E o fator rapidez pesa muito quando o assunto é creche. As pessoas precisam de creche agora, já, não daqui a três, quatro anos, quando a necessidade das crianças será outra. 


Agência Lume: Sabemos que a região de Jacarepaguá, mais especificamente Rio das Pedras e os bairros do Anil e Freguesia, sofrem com o atual sistema de transporte. Os moradores desses locais precisam enfrentar grandes engarrafamentos, longo tempo de espera, ônibus lotados e sem climatização. Se eleito, como pretende enfrentar o problema da mobilidade urbana em Jacarepaguá?


Rodrigo Amorim:  Bom, a climatização é um capítulo à parte. Basta lembrar que estão se completando dez anos da promessa de 100 por cento da frota dos ônibus com ar-condicionado. Isso mesmo: dez anos. E o que se tem hoje é o carioca passando um calor insuportável por dez meses ao ano. E vejam bem: o prazo era até dezembro de 2016! Ou seja, em dezembro serão oito anos de atraso! Quem anda de ônibus, como é o caso de muitas pessoas na minha família e eu próprio antes de me tornar deputado, sabe como é o sofrimento de quem passa calor num ônibus lotado. Não sou demagogo de dizer que eu ando de ônibus porque seria mentira, o deputado tem carro oficial. Mas podem ter certeza de que eu conheço esse martírio diário dos cariocas. Já quanto à mobilidade urbana na região, é total ausência de estudo dos gargalos em Jacarepaguá, principalmente na região dos acessos à Barra e à Linha Amarela. Estudar não é algo que o prefeito atual e sua equipe gostem muito. Mas eu espero que em dois meses me entreguem um relatório de impacto para que possamos criar as medidas definitivas que garantam o direito de ir e vir dos cidadãos da região. 


Agência Lume: Em seu programa de governo o senhor diz que não tem pretensão em investir em transporte por bicicletas poderia explicar o motivo dessa decisão? 


Rodrigo Amorim:  Bicicletas são, sim, meio de transporte, mas é um meio que não pode ser tratado como transporte de massa ou transporte principal. Em São Paulo, quando o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se tornou prefeito, começou a criar ciclovias aleatoriamente, e o que se viu foi o caos no trânsito. A narrativa “ambiental” nesse caso só serviu para atrasar a vida dos paulistanos, que em sua maioria usavam ônibus, táxis e veículos particulares. Ciclovias são bem-vindas em locais como as avenidas litorâneas, associadas a hábitos saudáveis, ou mesmo em locais de muita demanda de entregas. Mas é impensável achar que o trabalhador carioca vai usar em massa a bicicleta para chegar ao seu local de serviço. Não somos a China.


Agência Lume: Uma de suas propostas é a criação da Secretaria das Favelas, poderia explicar brevemente como esse órgão funcionaria e seus principais projetos?


Rodrigo Amorim:  A nossa sociedade aceitou muito passivamente o bordão “Favela não é problema, favela é uma solução”. Com efeito, a favela foi a solução que as pessoas mais pobres encontraram para a total falta de condições de comprar uma casa ou pagar um aluguel em local minimamente próximo ao trabalho, principalmente em uma cidade grande como o Rio e que tem sérios problemas de mobilidade. Mas não podemos aceitar que essa “solução” seja definitiva e que não seja vista como outro problema, este para a cidade como um todo. Em um exemplo simples, é como se você não tivesse onde estacionar seu carro e o parasse na porta da garagem do vizinho. É uma solução? Sim. Mas cria outro problema. No caso das favelas, os problemas são a falta de saneamento básico, o abandono do Estado, a criminalidade, a criação de uma cultura do narcotráfico, tudo porque o ambiente é de absoluta negação de direitos e de total desprendimento dos deveres. A nova Secretaria das Favelas chegará para romper a dinâmica, o ciclo vicioso. Primeiro, porque teremos canais de comunicação oficiais, abertos, eficazes, ágeis. Segundo, porque teremos projetos. Projetos que transformarão as favelas. O Favela-Bairro é um projeto que foi abandonado sem qualquer justificativa, e ainda temos aí as UPPs, que como sabemos, surgiram com financiamento da prefeitura para as gratificações dos policiais, e que como tudo foi abandonado.


A Secretaria das Favelas é para garantir que não haverá abandono de projetos. A ideia é em dois anos ter um eixo de favelas totalmente transformado, com financiamento privado e até internacional. E criar um programa de Primeiro Emprego decente, para dar aos jovens moradores o melhor programa social que existe, que é o trabalho. Também vamos criar uma sinergia entre a Secretaria das Favelas com o setor de esportes, integrando os clubes e formando jovens talentos. As favelas vão se tornar “empresárias” de novos jogadores. Agora quando surgir um Neymar, a favela vai ser compensada por isso, recebendo uma parte dos direitos para reinvestir em qualidade de vida.


Agência Lume: Em seu plano de governo podemos ver algumas propostas para a área do turismo, a população de Jacarepaguá está  acostumada a ver muitas iniciativas sendo realizadas na Zona Sul e na região Central da cidade. Entretanto gostaria de saber se pretende fomentar o turismo também em outras áreas da cidade, como na Zona Oeste?


Rodrigo Amorim:  Essa pergunta é muito boa, e quem a pensou tem toda a razão. Com efeito, por termos replicada mundo afora uma imagem do Rio totalmente vinculada à orla, ao Corcovado, ao Pão de Açúcar e à tão maltratada Copacabana. Mas quem anda na Zona Oeste, e nem falo aí da Barra da Tijuca, sabe que tem muitas coisas maravilhosas. Hoje temos verdadeiros pólos gastronômicos na Taquara, Freguesia e Pechincha, com restaurantes temáticos, padarias sensacionais que, se estivessem em São Paulo seriam cultuadas, temos museus como o Bispo do Rosário e o Museu do Pontal, temos grandes centros esportivos, shoppings e casas de espetáculos na região. Acho que no caso é muito questão de propaganda, é investir na comunicação, mudando o paradigma, e na facilitação do transporte para os turistas. Todos visitantes certamente gostariam de conhecer Sepetiba, a Marambaia, o Pontal, mas acabam perdendo essa parte da nossa cidade porque não há uma política de divulgação. Eu particularmente não acredito em Secretaria de Turismo e sim em ter uma Riotur forte, com várias ações simultâneas.


Agência Lume: No mês de julho, a Agência Lume publicou uma reportagem (https://www.agencialume.com/) que traz dados alarmantes sobre o impacto das mudanças climáticas na região da Baixada de Jacarepaguá. Moradores de algumas regiões de Rio das Pedras, por exemplo, já vivem sob o efeito do aumento do nível das marés, que faz com que o nível da lagoa suba alagando várias ruas. Se eleito, como pretende enfrentar os problemas trazidos pelas mudanças climáticas? A região de Jacarepaguá é uma de suas prioridades nesse debate?


Rodrigo Amorim:  No mês passado a ONU, que não acho particularmente uma entidade confiável, publicou relatório informando que o Oceano Pacífico – que é mais “alto” que o Atlântico – vai subir muito de nível até 2050, e que nos últimos 30 anos subiu 15cm. No Atlântico também há essa perspectiva. E no próprio Estado do Rio temos casos como o de Atafona. Quais as razões? Não cabe aqui discutir, mas sim começar a enfrentar, começar agora a pensar a cidade que queremos para as futuras gerações. Foram poucos os prefeitos que fizeram isso, destacaria o Pereira Passos, quando abriu as grandes ruas e avenidas do Centro, e o governador da Guanabara, Carlos Lacerda, quando implantou os projetos dos túneis Rebouças e Santa Bárbara, além de remover a favela do Morro do Pasmado e as da Lagoa Rodrigo de Freitas. Pensem no que seria o Rio de Janeiro hoje sem essas intervenções. Pensaram? Pois é. É assim que temos que governar, administrando o futuro. No caso em tela, é fundamental que aumentemos a capacidade de nossas galerias pluviais, pois além da questão do aumento das marés, há o aumento das chuvas. Tudo isso exige monitoramento constante, o prefeito e sua equipe não podem ser pegos de surpresa. É importante investirmos pesado em sistemas de escoamento e até de aproveitamento da água. A reportagem da Agência Lume teve o mérito de nos trazer à luz esse problema.

 

Acesse o site Divulgando Contas do TSE e tenha acesso ao plano de governo e outras informações sobre o candidato: https://divulgacandcontas.tse.jus.br


Acompanhe também as entrevistas com os demais candidatos à Prefeitura do Rio, que a Agência Lume exibiu na última semana.


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