Datado de 1614, o Quilombo do Camorim está localizado no Maciço da Pedra Branca e é um dos mais antigos do estado.
Localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no Maciço da Pedra Branca, o Quilombo do Camorim é um dos mais antigos do estado, datado de 1614. Ele surgiu a partir da edificação do engenho do Camorim, em 1522. As primeiras pessoas escravizadas trazidas de Angola para o Brasil trabalharam tanto na lavoura quanto nas cidades, contribuindo para a construção de Jacarepaguá e outras grandes arquiteturas históricas.
Em 2014, o quilombo foi oficialmente certificado pela Fundação Cultural Palmares, reconhecendo sua importância histórica e cultural. Hoje, o Quilombo do Camorim mantém vivas suas manifestações culturais, como o jongo e a capoeira. Um dos eventos mais importantes é o Dia Estadual do Jongo, realizado anualmente em julho. Além disso, o quilombo celebra o Dia da Consciência Negra, homenageando figuras históricas como Dandara e Zumbi dos Palmares, destacando o papel das mulheres na resistência.
Adilson Batista Almeida é um dos líderes do Quilombo do Camorim e fundador, presidente e diretor da Associação Cultural do Camorim (ACUCA), uma organização comunitária que luta pela preservação da história e do território quilombola. Ele conta que no quilombo se homenageia as mulheres em primeiro lugar, além de desenvolver diversos projetos sociais na comunidade, como o turismo de base comunitária e a horta comunitária “Saberes Ancestrais”, que cultiva ervas medicinais
“Temos também a Escola Quilombola, onde ensinamos às crianças e jovens a história e identidade quilombola, muitas vezes esquecidas. Trabalhamos com turismo pedagógico, colaborando com escolas públicas estaduais e municipais para ensinar sobre a história local do Quilombo e o meio ambiente. Todo esse trabalho está ligado à nossa história e aos nossos saberes diários”, conta.
Mesmo reconhecido Internacionalmente, o quilombo enfrenta desafios
Adilson explica que o Quilombo do Camorim é de grande importância não só para a cidade do Rio de Janeiro, mas também para o Brasil. Conhecido mundialmente, o quilombo trabalha com intercâmbios internacionais, colaborando com universidades para formar mestres e doutores em diversas áreas. Além disso, recebe visitas de faculdades e agências de turismo, oferecendo vivências culturais, como oficinas de jongo e feijoadas.
“A relevância do Quilombo do Camorim está em preservar e compartilhar histórias e saberes ancestrais que não são amplamente divulgados. Reconhecido pela Fundação Cultural Palmares, o quilombo mantém viva a memória e a identidade quilombola. Dentro do quilombo, há um sítio arqueológico do antigo engenho do Camorim, com materiais datados dos séculos XVI e XVII. Isso centraliza a história local, que muitas vezes é focada no centro da cidade, como o Carnaval e a Pequena África”, conta.
Adilson relata que o maior desafio do quilombo é o enfrentamento com os órgãos governamentais, pois a história e memória estão constantemente sendo apagadas. Ele também conta que mesmo com um espaço rico em patrimônio histórico, faltam políticas públicas e verbas parlamentares para desenvolver o trabalho na comunidade, que atende tanto os quilombolas quanto moradores da região.
Visitação
O Quilombo do Camorim é aberto à visitação, mas é necessário agendar previamente. Diversas agências de turismo frequentemente agendam visitas nos finais de semana, oferecendo pacotes que incluem jongo, capoeira, história, circuitos guiados, cachoeiras e feijoada.
Para mais informações acesse @quilombocamorim, que é o perfil oficial do Quilombo de Camorim no instagram. O contato também pode ser feito através do email acucacamorim@gmail.com e telefone (21) 98320-2634.
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