Veja como se prevenir e fazer a sua parte para combater a doença.
Nesta sexta-feira (02), o município apresentou o plano de contingência para o enfrentamento da Dengue na cidade. Em 2024 a capital já registra mais de 10 mil casos da doença, com uma taxa de incidência de 160,68 por 100 mil habitantes.
O número é alarmante, tendo em vista que em todo o ano de 2024 foram registrados 22.959 casos. Além disso, os números da doença são altos em todo o país, com 243,7 mil casos, 24 óbitos confirmados e 163 em investigação.
O Estado do Rio de Janeiro é o sétimo colocado em relação aos demais estados da federação, com 17,7 mil casos. A maior incidência está na população adulta, em especial nas faixas etárias de 30 a 39 anos e de 40 a 49.
Com este cenário preocupante, a Prefeitura do Rio divulgou diversas ações que serão realizadas para enfrentar a doença. Dentre as medidas estão a criação do Centro de Operações de Emergência; implantação de um polo de atendimento de dengue em Curicica (Zona Oeste); carros fumacê; entradas compulsórias em imóveis fechados e abandonados; vacinação de crianças e adolescentes e conscientização da população.
"Em um único mês de 2024 nós já temos quase a metade dos casos de todo o ano anterior, o que gera uma preocupação intensa. A gente vê o limite superior bem marcado, muito acima do que esperávamos. E isso configura uma situação epidêmica. Temos um aumento do número de casos sustentado na série histórica, com repercussões nas clínicas dos pacientes e na rede assistencial. Também para configurar epidemia é necessário que tenhamos o número de casos espalhados em mais de uma região da cidade. E isso acontece no município do Rio. Nos últimos 90 dias, a curva é ascendente, chegamos a ter, num único dia, 569 casos notificados. Estamos bem acima do que é considerado limiar muito alto, o que configura a situação epidêmica na cidade do Rio."– disse Daniel Soranz, secretário Municipal de Saúde
Você também precisa fazer sua parte!
Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa)
Segundo dados do mais recente Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), realizado entre 7 e 13 de janeiro, 77,2% dos recipientes que poderiam servir de criadouros para o mosquito são encontrados no ambiente domiciliar: depósitos móveis, como vasos de plantas, bebedouros e objetos religiosos (32,3%); depósitos fixos, como tanques, calhas, ralos, lajes e sanitários (24,8%); e depósitos ao nível do solo, como tonéis, tambores, barris e tinas (20,1%).
No LIRAa, o município é dividido em estratos (grupos) de 8,2 mil a 12 mil imóveis com características semelhantes e, em cada um desses recortes, 20% dos imóveis são visitados pelos agentes de vigilância ambiental em saúde para verificar se existem focos de larvas do mosquito e quais os tipos de depósitos mais comuns em cada região que servem como criadouros.
Na primeira edição do levantamento, em 2024, o índice de infestação do município ficou em 0,79%, nível considerado satisfatório. Dos 250 grupos territoriais do estudo, 76 (30,4%) ficaram com índice de infestação predial (IIP) entre 1% e 3,9%, o que configura nível de alerta; e três (1,2%) receberam classificação de risco, ou seja, com IIP superior a 3,9%. Todas as três regiões com nível de risco ficam na região de Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade.
O Prefeito do Rio fez um apelo para que a população colabore ficando atenta as medidas de prevenção:
'"Diante dos números crescentes de casos de dengue na cidade caracterizando uma epidemia da doença, queria lembrar algumas coisas para a população. Vidas se perdem em razão da dengue. Mas, ao contrário da pandemia de covid-19, em que o cidadão individualmente não podia fazer muita coisa a não ser cobrar dos governantes que conseguissem a vacina, no caso da dengue depende muito da ação de cada cidadão. A absoluta maioria dos casos a pessoa pega em casa ou perto do local onde mora por absoluto descuido com a história de água parada. Estamos apresentando as medidas que vamos tomar, mas eu faço um apelo enfático à população de que não adianta só apontar o dedo para os governos ou culpar o mosquito. Nós, enquanto cidadãos, acabamos criando o ambiente propício para a proliferação da dengue."– afirmou Eduardo Paes.
Trabalho conjunto contra a dengue
Para o sucesso das ações de prevenção da dengue no município, além da Secretaria Municipal de Saúde, a prefeitura disse que irá mobilizar outras pastas, cada uma com atribuições próprias no combate ao vetor.
A Secretaria Municipal de Educação terá a missão de promover aulas e orientações aos alunos de todas as séries sobre combate ao mosquito; a Comlurb, de intensificar remoção de depósitos de lixo que possam acumular água.
A Secretaria de Ordem Pública (Seop) deverá apoiar os agentes de saúde na entrada compulsória nos imóveis e a de Infraestrutura vai realizar inspeção periódica em todas as obras públicas com orientações e treinamentos.
Por fim, a Secretaria Municipal de Cultura irá utilizar equipamentos culturais para veicular mensagens sobre combate ao mosquito e atenção aos sintomas e a de Juventude participará das ações de combate ao vetor.
Centro de Operações de Emergência
Criado nos mesmos moldes do Centro de Operações de Emergência para a covid-19, o COE-Dengue funcionará nas dependências do COR. Suas atribuições serão planejar, organizar, coordenar e monitorar as ações de enfrentamento à dengue; elaborar protocolos e análises relacionadas à situação epidemiológica da doença na cidade; divulgar informações relativas à emergência de saúde pública, como boletins epidemiológicos; deliberar sobre os estágios de aplicação das medidas protetivas para cada região do município.
Segundo a Prefeitura, o COE-Dengue vai estabelecer as prioridades de informações, facilitar a comunicação e atuar como elo de ligação com outras instituições e esferas de governo. A coordenação será da Superintendência de Vigilância em Saúde da Subsecretaria de Promoção, Atenção Primária e Vigilância em Saúde (SUBPAV) da SMS.
O COE-Dengue contará com mais de 20 técnicos de órgãos integrantes da estrutura da SMS: gabinete; SUBPAV; Subsecretaria Geral; Subsecretaria de Atenção Hospitalar, Urgência e Emergência; Subsecretaria de Gestão; Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (IVISA-Rio); Assessoria de Comunicação Social.
Primeiro polo de atendimento de dengue será aberto na Zona Oeste
Na próxima segunda-feira (5/2), o município vai inaugurar o primeiro polo de atendimento para pacientes com dengue será no CMS Raphael de Paula Souza, em Curicica, na Zona Oeste.
Ao todo estão previstos dez polos, em todas as regiões da cidade, que serão abertos gradativamente, conforme o crescimento do número de casos. Eles funcionarão nas dependências de unidades de Atenção Primária e contarão com equipes dedicadas formadas por médico, enfermeiro e técnicos de enfermagem, que farão o diagnóstico e assistência, classificação segundo o critério de risco e tratamento dos pacientes com dengue.
Além disso, os 150 centros de hidratação montados no final do ano passado nas unidades de saúde para o atendimento de pacientes devido aos efeitos do calor também serão usados na assistência às pessoas com dengue.
Para os quadros mais graves, com indicação de internação, os pacientes serão regulados pela Central Municipal de Regulação como vaga zero (emergência) e transferidos para leitos dedicados à dengue nos hospitais da rede de urgência e emergência do município.
O Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (HMRG), em Acari, poderá funcionar como unidade de concentração para a doença, inicialmente com 20 leitos. A Prefeitura informou que o HMRG, que durante a pandemia da covid-19 foi referência para o tratamento dos pacientes com quadros mais graves, tem expertise e preparo para passar rapidamente pelas alterações de fluxo necessárias em uma nova situação de epidemia. Ao todo, a unidade conta com 400 leitos.
Carros fumacê e entradas compulsórias
Devido ao crescente aumento do número de casos de dengue, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) passará a utilizar 16 carros para aplicação espacial do inseticida UBV, o chamado fumacê.
Esse instrumento é utilizado em condições específicas definidas nas Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle da Dengue, do Ministério da Saúde, para bloqueio de transmissão e controle de surtos ou epidemias.
Segundo o município, o uso indiscriminado desse método de aspersão do inseticida pode causar danos à saúde e ao meio ambiente, além de eliminar também os predadores naturais do mosquito. O cenário epidemiológico atual, no entanto, justifica o uso dos carros fumacê nas regiões com maiores incidências de dengue, como a Zona Oeste da cidade.
Também como medida de controle do vetor, a prefeitura realizará entradas compulsórias em imóveis fechados e abandonados para realização de vistorias e tomada de medidas preventivas e de eliminação dos possíveis criadouros do mosquito.
A entrada compulsória é um instrumento legal para respaldar o acesso dos agentes de saúde aos imóveis particulares cujos proprietários não são localizados para liberar espontaneamente a entrada dos servidores.
A medida é regulada por decreto em que são estabelecidos os critérios para sua adoção, como notificações prévias e por escrito ao proprietário e prazo para que ele entre em contato com o serviço público para franquear o acesso e realização da ação preventiva no imóvel.
Vacinação de crianças e adolescentes e pesquisa em Guaratiba
A SMS aguarda a chegadas dos imunizantes liberados pelo Ministério da Saúde, para iniciara vacinação de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos contra a dengue no município do Rio. A expectativa é de que em uma semana toda a população-alvo esteja vacinada, o que representa 354 mil indivíduos.
A vacina estará disponível em todas as 238 unidades de Atenção Primária e no Super Centro Carioca de Vacinação. Além disso, terá início o estudo com a vacina na região de Guaratiba, na Zona Oeste, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde. A pesquisa prevê a imunização de 20 mil pessoas de 20 a 40 anos.
Na pesquisa, a vacina será aplicada de maneira escalonada, em esquema vacinal de duas doses com intervalo de 90 dias entre elas, totalizando 40 mil doses aplicadas. As pessoas que participarão do estudo serão sorteadas entre os usuários cadastrados nas unidades de Atenção Primária dos bairros localizados na região de Guaratiba – Guaratiba, Barra de Guaratiba, Pedra de Guaratiba e Ilha de Guaratiba. A participação é voluntária. Ao todo, há 130 mil pessoas elegíveis nessa região.
A aplicação da primeira dose corresponde à etapa inicial do estudo. Na segunda fase, os participantes completarão o ciclo de imunização exatos três meses após receberem a primeira dose.
A aplicação da vacina independe de infecção prévia pelo vírus da dengue. Antes de iniciar a imunização, os usuários farão um exame de sorologia, que determinará quais deles já tiveram contato com algum sorotipo do vírus da doença.
Com o objetivo de gerar novas evidências científicas sobre a vacinação contra a dengue, o estudo busca verificar a efetividade na população adulta do imunizante Qdenga, recém-incorporado pelo Ministério da Saúde ao Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A Prefeitura informou que a região de Guaratiba foi escolhida como alvo da pesquisa por ter histórico de alta incidência da doença em sua população. O estudo terá a duração total de dois anos, período em que os cientistas colherão informações de casos, hospitalizações e óbitos para observar a diferença de comportamento do vírus entre vacinados e não vacinados.
O estudo é coordenado pelo infectologista José Cerbino Neto (Fiocruz), que também conduziu a pesquisa sobre a imunização em larga escala contra a covid-19 na Ilha de Paquetá, em 2022.
Fabricada pelo laboratório japonês Takeda, a vacina Qdenga foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec), do Ministério da Saúde, e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ela é feita com o vírus vivo atenuado e interage com o sistema imunológico de modo a provocar uma resposta semelhante à gerada pela infecção natural. A vacina é segura e o uso foi aprovado pela Anvisa.
O imunizante confere proteção contra os quatro subtipos do vírus da dengue existentes (DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4) e por isso deve ser aplicado inclusive em quem já teve a doença.
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