Por: Fernanda Calé.
Um fim de semana com sol brilhando e tempo seco, o feriado seria propício para um banho de mar no Rio de Janeiro, caso não estivéssemos no meio de uma pandemia. O que se viu durante toda a tarde de ontem (07/08) foram manchetes de jornais chocadas com a aglomeração em todas a praias da cidade. Mas até que ponto poderíamos olhar para essas notícias e nos chocar com o que era mostrado?
Eu diria que isso vai depender de que ponto da cidade estamos olhando. Vai depender do Rio de Janeiro em que cada um de nós vivemos.
Será que poderíamos ver essas manchetes e dizer "Em fim, a hipocrisia"? Ou poderíamos olhar para tudo isso e pensar "que pessoas irresponsáveis"?
Lembro-me do início da pandemia, quando andar no calçadão era proibido. Lembro-me de passar de carro pela praia da Barra e ver diversos moradores do bairro praticando exercícios de forma muito natural. A prefeitura havia proibido até praticar exercícios no calçadão e banho de mar, mas estava proibido pra quem?
Aos poucos a cidade vai tentando teimosamente voltar ao seu normal, já que em nenhum desses meses uma quarentena decente foi praticada. Realmente não dá pra parar para sempre. Agora pode-se ir a praia, andar no calçadão, tomar banho de mar. Não pode ficar na areia. Jura?
E quem foi que lotou a praia?
Será que quem lotou a praia, foi quem passou meses privado de ir até ela, com medo do que poderia acontecer, enquanto os moradores de prédios e condomínios a beira mar curtiam tranquilamente a exclusividade de um local público que passou a ser exclusivo?
O medo da contaminação também pode ser bem maleável pra quem agora está voltando a ir trabalhar nos ônibus lotados com frota reduzida.
A Covid-19 foi embora? Definitivamente não. A irresponsabilidade do carioca é muito grande? Talvez. Mas e a hipocrisia? De quem é?
Acho que isso vai depender do seu CEP.
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