Para muitas crianças que vivem à beira do Valão, que divide as áreas da Areinha e do Areal, em Rio das Pedras, o principal lugar para brincarem é perto de lixões e aterros formados sobre o valão que corta a comunidade, fazendo dali o seu parque de diversões e área de recreação.
Um dos pontos de referência da minha infância, inclusive, era – ainda é- chamado como praça do lixão. Cresci ao redor de lixo e isso me acompanhou por toda minha vida. O lixo sempre esteve presente em Rio das Pedras e sempre foi um problema para a população, pois, vivemos na terceira maior favela da América Latina e temos um dos piores sistemas de coleta de lixo. Isso somado à falta de conscientização dos moradores, impacta de forma negativa a manutenção da comunidade, pois geramos muito mais lixo do que a Comlurb pode recolher.
Muitas dessas crianças, assim como eu, talvez nunca irão ao Beto Carrero ou em qualquer outro parque, por mais simples que seja, ou terão uma praça de verdade disponível para sua recreação, pois o poder público não alcança – nem sequer tentam – essas crianças. Consequentemente elas são obrigadas à acharem outros meios para se ocuparem, pois nem mesmo à escolas, elas têm acesso.
A Realidade de muitas crianças que vivem em comunidades é que elas, muitas vezes, precisam ficar sozinhas em casa, pois seus pais necessitam trabalhar, as creches municipais estão lotadas e já não tem vaga.Isso faz crescer a desigualdade social, diminuindo cada vez mais as chances de quem está na pobreza, sair dela.
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